domingo, 3 de junho de 2012

Esquema Conceitual 1 - O Ser Humano, tende à Igualdade no Princípio, e à Diferença na Realização. Isto é, ao nascermos, somos muito mais iguais do que ao sermos adultos. Todos os bebês têm necessidades bem simples e muito parecidas. Mas adultos, embora também compartilhem necessidades básicas equivalentes, tem outras necessidades existenciais que tendem a maior diferença. Sensibilidades, idéias, percepções e opiniões divergentes, bem como em muitos casos necessidades físicas mais complexas em virtude do modo distinto e pouco previsível com que o hábito, o desenvolvimento biológico e a interferência do meio influenciam cada um. 2 - Lamentavelmente, A maior parte dos sistemas sociais historicamente registrados tendem a desigualar os indivíduos no Princípio, e igualá-los na Realização. Crianças distintas nascem no mundo tendo suas necessidades atendidas de formas radicalmente diferentes. Umas sequer têm o básico, outras tem luxos demais, e suas oportunidades são fatalmente desiguais. Curiosamente, os adultos tendem a ser os mais igualados possível dentro das possibilidades do contexto. Estão submetidos às mesmas leis, com os mesmos direitos e deveres, espera-se deles os mesmos consensos, e quase toda a batalha cultural humana é uma tentativa quase desesperada de fazer o máximo possível de pessoas pensarem da mesma forma. 3 - Um sistema ideal deveria tratar os humanos com o máximo de igualdade possível na infância, para permitir o máximo de diferença possível na realização. E como a infância vem primeiro, é óbvio que deve receber alguma prioridade. A dicotomia Liberalismo X Progressismo, ou Direita X Esquerda, ou Conservadora X Reformadora, contempla parte deste esquema, mas não todo, e acaba caindo em erro. A "Esquerda" tem preocupação maior com a necessidade básica dos seres humanos, mas tem falhado na questão de suas necessidades mais sofisticadas, em sua realização. A "Direita" dá ênfase na liberdade individual desta realização, mas tem negligenciado a igualdade fundamental. Isso explica porque, nos casos de regimes que tendem mais à esquerda, ocorrem melhores condições de igualdade básica, no sistema de saúde e educação, e ao mesmo tempo piores condições de exercício da diferença, por meio da liberdade de associação política, comunicação e livre expressão de idéias, ou mesmo na capacidade de deslocamento. Também explica porque nos regimes que tendem mais à direita, ao mesmo tempo que existe essa possibilidade liberal de pensamento, ação e movimento, há menor igualdade de oportunidade, visto que crianças e jovens não estão, por herança, em condições equivalentes de realização, o que, afinal, termina por limitar a própria idéia de liberdade. Há que se considerar um mérito para a esquerda, doravante chamada somente de Progressismo, pelo simples fato de dar mais ênfase ao essencial, as condições fundamentais da existência. Mas também um demérito por terminar prejudicando a finalidade maior do ser humano, que é a realização de seu virtualmente infinito potencial. Mas voltando à simples dicotomia, espero que meu esquema conceitual esclareça um pouco a questão. Somos ao mesmo tempo iguais e diferentes, essencialmente iguais, mas potencialmente diferentes. Da igualdade essencial creio ser necessário falar pouco. Por mais díspares que sejam os comportamentos, pensamentos e hábitos de duas pessoas, nada muda o fato de que ambas precisam respirar e se alimentar, que pensam por processos cognitivos equivalentes e que em última instância canalizam para um mesmo objetivo final o resultado de seus esforços, isto é, a necessidade de uma realização pessoal com vista a uma noção, ainda que oculta, de Bem. Marcus Valério XR www.xr.pro.br/EnsaioslIgualdade-Liberdade.html

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