sexta-feira, 15 de outubro de 2010

BOLO DE COMPROMISSO

BOLO DE COMPROMISSO

Ingredientes:
1 kg de paciência
½ kg de interesse
1 pitada de vontade
1 pacote grande de desejo
10 colheres de disponibilidade
2 medidas pequenas de inspiração
1 dúzia de perseverança
200 g de ansiedade
1 cabeça, nem cheia nem vazia, mas inteira
1 medida média de prazer
1 medida média de dor
½ pitada de masoquismo
1 kg de compromisso

Modo de fazer
Primeiro, abra a cabeça, retire o ex¬cesso de preconceitos, de bloqueios e deixe somente o necessário para não perder o sabor característico. Um a um, vá acrescen¬tando os ingredientes: primeiro o interesse, a disponibilidade e o desejo.
O desejo vá colocando aos poucos. Se sentir que não dá ponto, acrescente uma pitada de vontade.
Mexa bem, prove e acrescente a ansiedade, também aos poucos. Prove novamente e, se estiver faltando gosto, acrescente mais ansiedade. Mas cuidado, pois, se colocar demais, não vai conseguir mexer nem continuar.
Porém, se isso acontecer, não se desespere, acrescente uma medida de inspiração e reserve a outra, pois poderá precisar, junte ½ dúzia de perseverança e mexa sem parar. Deixe descansar por 2 horas e retome. Prove e, se estiver mais aguçado o gosto da dor, acrescente uma medida de prazer e torne a mexer. Se a dor ainda estiver forte, junte o resto da perseve¬rança e o quilo inteiro de paciência. Acres¬cente ainda ½ pitada de masoquismo.
Torne a mexer e cubra tudo com os quilos de compromisso.
Leve ao forno, mas cuidado com a temperatura, pois, se estiver muito quente, queima, incendeia e, se estiver frio, desanda, não cresce.
O tempo de preparo, tanto da receita como no forno, é indeterminado. Só fa¬zendo, ou melhor, vivendo o processo é que, dá para saber, mas, quando achar que está pronto (cuidado com o sonho autori¬tário!), retire do forno e, se não deu certo, compre uma dose cavalar de perseverança e comece tudo de novo.
MCGMelo

sábado, 2 de outubro de 2010

DICAS PARA EDUCAR COM OS VIDEOGAMES

DICAS PARA EDUCAR COM OS VIDEOGAMES
É competência das escolas?
Essa pergunta pode ser respondida sob várias perspectivas. Porém, é interessante ter em conta que pais e docentes são os agentes educadores mais próximos das crianças e adolescentes, e existe uma responsabilidade social em relação a eles.

Entender o que é um videogame
Falar de videogames não implica somente conhecer os consoles, já que as novas tecnologias permitem que eles estejam presentes em outros suportes: celular, Internet, computador. É nesse ponto que a escola pode ter sensibilidade frente ao universo dos videogames.

Pode ser aproveitado como material educativo?
A Internet é uma fonte inesgotável de recursos educativos, e os videogames podem funcionar como suporte para algumas matérias. O importante é verificar primeiro o tipo de videogame e avaliar seu conteúdo, para depois utilizá-lo em aula. Podemos encontrar alguns exemplos em www.cibermouse.com, para crianças de até 9 anos, ou www.pilosos.com.co, para os maiores. É claro que existem muitos recursos off-line que também podem ser utilizados.

Para aprender com o bom uso das novas tecnologias e dos próprios videogames
Dar conselhos, às vezes, é complicado, ainda mais se tratando de adolescentes. Em algumas ocasiões, é melhor que sejam aconselhados por outros, que não o professor. Isso pode contribuir para uma melhor conscientização. Se o recurso eleito for um jogo, é possível conquistar maior atenção para o assunto.

Informar os pais
O mau uso, ou um uso excessivo dos videogames, pode causar um menor rendimento escolar do aluno. É importante manter um canal aberto com os pais para ouvir suas dúvidas e fazer as recomendações necessárias.


Fonte: Gerações Interativas
Tradução: Carla Jimenez

CULTURA E CIDADANIA

CULTURA E CIDADANIA

Dentre as significações referidas nos dicionários para a palavra “cidadão”, o primeiro é sempre o de “habitante da cidade”, certamente porque é esta a condição que está na origem do que se entende pelo termo. Da mesma maneira, “vilão” é originariamente o habitante da vila, pequenos agrupamentos humanos que nasciam à sombra dos castelos medievais. Mas quando nos voltamos para a história da palavra “cidadão” e consideramos seu emprego nos contextos das civilizações grega e romana, deparamo-nos imediatamente com um significado que vai além da situação física e geográfica: uma acepção política, na verdade ético-política, que denota um tipo de vínculo entre o indivíduo e a cidade completamente diferente da habitação de um lugar no sentido imediato.

É interessante notar que o vocábulo “cidade” também sofreu transformações: deixou de significar apenas um lugar fisicamente delimitado onde as pessoas vivem juntas e passou a ser entendido como “comunidade”, isto é, como vida política que se dá a partir de uma certa experiência de exercício de poder socialmente organizada. E atualmente, quando nos referimos a “cidadão”, pensamos sempre nos momentos exemplares em que o conteúdo político do significado da palavra teria sido vivido intensamente: a democracia grega, a Roma republicana, a revolução francesa. Ou seja, pensamos naquilo que pode definir um indivíduo na medida em que ele se entende como sujeito de direitos que compartilha com os demais na comunidade política.

Cidadão e comunidade não se definem, portanto, por parâmetros de território, até mesmo porque os limites da cidade podem ser tanto diminuídos ou ampliados em relação aos limites da cidade como território. O indivíduo pode não ser cidadão na cidade que habita, como acontecia com a maioria dos habitantes da cidade grega; e ele pode tornar-se um “cidadão do mundo”, se entender que a sua experiência histórica pode ou deve ocorrer em dimensões mais amplas do que a cidade ou país. Isso significa que há outros vínculos que constituem a cidadania e a comunidade, que podem ser entendidos como laços éticos, históricos, políticos que se tornam progressivamente mais fortes à medida que se vão consolidando. Tudo isso se expressa em várias ordens de representação, que vão desde os costumes no nível da cidadania até as manifestações artísticas singulares. Trata-se de um ethos: uma experiência peculiar de habitar o mundo, à qual chamamos cultura.

Nas sociedades coesas existe uma relação orgânica entre o indivíduo e a cultura, de modo que ninguém precisa ser introduzido na vida cultural ou nela “incluído” porque a cultura é vivida comunitariamente. Nas sociedades modernas, marcadas pela desigualdade, isto é, pela relação dominante/dominado, a cultura é apropriada pela classe dominante, que tenta segregá-la ou fazer dela instrumento de dominação. A desigualdade social manifesta-se então na divisão entre cultura erudita e cultura popular, a primeira utilizada como aparato de diferenciação de uma elite e a outra definida como manifestação espontânea e inferior. Daí o sentido consolidado de cultura como sinônimo de uma posição intelectualmente elevada, em geral ocupada por aqueles de posição também economicamente superior.

Essa segregação das “duas culturas” naturalmente é sintoma de uma sociedade desagregada e pautada pela injustiça como critério geral das relações sociais. Uma sociedade, portanto, eticamente “desorganizada”, em que a cidadania passa a ter um significado abstrato e instrumental. Abstrato porque não é vivido comunitariamente; e instrumental porque é utilizado como cooptação nos momentos em que as democracias formais necessitam do comparecimento dos “cidadãos” às urnas para legitimar o mecanismo de reprodução do poder.

Uma experiência real de cidadania só pode acontecer no âmbito de uma comunidade real, aquela que faz uma experiência efetiva de si mesma e da sua cultura, e em que todos os cidadãos tenham a oportunidade de se reconhecerem como participantes ativos da vida cultural, entendida como um processo de afirmação e emancipação dos indivíduos e da comunidade. Nesse sentido e principalmente em nosso país, cidadania cultural é um projeto cuja realização se situa no horizonte de uma luta a ser travada em vários níveis e por diferentes tipos de movimentos sociais que têm em comum a contestação da segregação, da desigualdade e da injustiça.

Os laços criados nesse tipo de militância fortalecem a expectativas de uma experiência cultural alicerçada nos critérios de cidadania e comunidade, porque a cultura viva se alimenta de relações dinâmicas que se dão entre essas duas instâncias. Nesse sentido, a inclusão social, desde que não seja patrocinada pelas elites mas que revele as autênticas aspirações das comunidades, deve ser considerada uma das mais legítimas reivindicações de resgate histórico e de justiça social.

http://www.proesq.institucional.ws/psicoeducacao/tabid/192/default.aspx