domingo, 29 de abril de 2012

Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Comunidades virtuais de aprendizagem: revisão da literatura A expressão "comunidade virtual de aprendizagem" tem sido muito usada para designar grupos no ciberespaço que, por meio de interação online, desenvolvem aprendizagens. Mas trata-se de uma expressão ainda em discussão entre pesquisadores que atuam na inter-relação Educação e Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Na Educação, diz Silva (2005), o conceito de comunidades virtuais de aprendizagem nos remete aos movimentos da Educação (Escola) Nova. Embora com idéias diferenciadas conforme as visões pedagógicas dos seus criadores (Montessori, Decroly, Freinet, etc.), esses movimentos "adotaram em comum os princípios da aprendizagem construtivista e da utilização de metodologias ativas, centradas na realização de projetos, na resolução de problemas e na aprendizagem cooperativa" (2005, p. 46). No entanto, os meios até então utilizados raramente permitiam a realização destes princípios - já os recursos atuais de comunicação virtual contribuem para a renovação pedagógica, acredita Silva. A partir da compreensão de que as comunidades virtuais de aprendizagem estariam centradas no aluno, o processo de ensino-aprendizagem se daria da seguinte forma: • pela interação direta com os conteúdos ( ... ) • pela participação ativa na pesquisa e exploração de informação; • pelo estabelecimento de uma relação direta com os criadores do conhecimento, sem esquecer que cada comunidade representa, ela própria, um potencial informativo pelo conhecimento que disponibiliza aos utilizadores da rede, pela importância da conversação desenvolvida em torno do jogo da comunicação e da negociação do seu sentido; • pelo confronto e repartição da diversidade de interpretações( ... ); • pelo apoio tutorial facultado ao aluno no desempenho de uma tarefa cognitiva complexa, papel que passa a constituir o principal desempenho do professor, a par da maior envolvência nos aspectos de natureza formativa (pessoal-afetivo-social. (SILVA, 2005, p. 47). Sob outra perspectiva, Rodríguez lllera (2007) destaca o caráter social da aprendizagem nas comunidades virtuais, pensando a aprendizagem "sempre como resultado de uma situação comunal ou societal, mais do que como matéria meramente individual ou pessoal': O autor explica que essa linha provém de Vygotsky e seus seguidores, assim como de outras tradições como o pragmatismo norte-americano de Dewey e, mais recentemente, da perspectiva antropológica, psicológica e pedagógica que "criticaram a visão meramente cognitiva/cognitivista da aprendizagem a partir de uma perspectiva que coloca em primeiro lugar o caráter altamente contextualizado de qualquer aprendizagem" (2007, p. 117). Como resultado de todas elas, teríamos uma concepção que "enfatiza o caráter social e comunitário da aprendizagem e a importância dos diferentes contextos de socialização, ou de prática, como geradores dessa mesma aprendizagem" (2007, p.117). Neste contexto, Rodríguez lllera recupera a distinção feita por Riel e Polin entre as comunidades de aprendizagem orientadas para tarefas, para práticas e para a construção do conhecimento. A primeira, como a própria classificação já indica, tem como finalidade a realização de uma tarefa e a elaboração de um produto - um tipo específico de trabalho/aprendizagem colaborativo em que a relevância recai sobre o contexto organizacional. Nas comunidades de prática, os integrantes se interessam por partilhar uma prática comum. A aprendizagem na partilha pode apresentar características assinaladas por Wenger (apud RODRIGUEZ lllera) que, ao estudar as inter-relações nas comunidades de prática, mostrou "uma nova visão da aprendizagem, a identidade que resulta de pertencer à comunidade e o significado que se atribui às práticas comuns" (2007, p. 118). Ainda segundo Rodríguez lllera, também baseado em Dewey e IIleris, as comunidades de prática pressupõem uma mudança nas concepções de aprendizagem, relacionando-a ao "conjunto da vida pessoal e social" e não em um "fim em si mesma" - como ocorre em abordagens meramente pedagógicas ou psicológicas -, mas como um "componente a mais do conjunto da experiência" (2007, p.119). Ressaltamos que tal reflexão é feita sobre comunidades não-virtuais, mas que contribui para pensá-Ias no ciberespaço. Voltando à Riel e Polin, as comunidades de aprendizagem baseadas na construção de conhecimento, embora semelhantes às anteriores, visam produzir conhecimento a partir de discussão sobre a prática. Rodríguez lIIera explica que essa distinção entre as comunidades de aprendizagem é elaborada focando-se as tarefas ou os objetivos de aprendizagem do grupo, o sentimento de pertencimento a ele, as estruturas de participação e os mecanismos de crescimento e reprodução - critérios, portanto, funcionais. Hakkarainen et ai (apud RODRIGUEZ ILLERA) também levantaram diferentes modalidades entre as comunidades virtuais de aprendizagem, segundo Rodríguez lllera. Mas, neste caso, os critérios foram a participação e os objetivos dos participantes. Assim, os autores distinguem as comunidades que "procuram a aquisição do conhecimento, participam ativamente, ou, por fim, criam conhecimento novo conjuntamente com outros participantes" (2007, p. 120). Tal abordagem enfatiza a análise das comunidades virtuais em ambientes intencionalmente educativos, mas direcionando a construção do conhecimento de forma colaborativa e reflexiva entre os integrantes. Em Beltrán Llera (2007) encontramos uma definição mais ampla de comunidades virtuais de aprendizagem: "organizações sociais criadas por pessoas que compartilham metas, valores e práticas sobre a experiência da aprendizagem': Sua compreensão se dá a partir dos elementos essenciais das comunidades - sujeito, comunidade, objetivo, instrumentos, divisão de tarefas e regras - e dos seus desafios: eleger os elementos adequados para trabalhar em comunidade e para cada tarefa, conciliar os objetivos pessoais e comunitários, dividir as tarefas em função das capacidades pessoais e objetivos almejados, e estabelecer regras adequadas para manter um clima favorável.

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