domingo, 26 de fevereiro de 2012

Artigo-A Situação das Mulheres no nosso País

Artigo

A Situação das Mulheres no Nosso País

Na Política

Na sociedade em que o desenvolvimento humano é preterido em função dos interesses econômicos, submetidos à cultura patriarcal, cristaliza-se urna contradição: homens e mulheres são considerados cidadãos e cidadãs; mas, para viver sua plena cidadania, dependerá de sua condição de gênero e de sua classe social. Na situação de desigualdade, as mulheres enfrentam com mais rigor as barreiras culturais, sociais e econômicas, que lhes dificutam ocupar os postos de maior relevância social.
Hoje, mesmo amparadas por conquistas jurídicas e formais - concebidas desde a ilustração, numa democracia erigida sobre a igualdade legal - as mulheres vivem, no seu cotidiano, situações de desrespeito aos seus direitos e de imposição e ao exercício da cidadania plena.
As raízes deste quadro podem ser identificadas nos aspectos culturais que naturalizaram e transferiram as diferenças biológicas para o campo social e, assim, construíram a condição de desigualdade vivida pelas mulheres. Esta é uma construção que se tem consolidado no cotidiano, e a partir das diferenças biológicas, lhes são atribuídas certas qualidades - como se fossem atributos próprios, e lhes são designados socialmente, papéis específicos e diferenciados, tratados como "próprios de mulheres" ou "vincu1adas à sua natureza". Nestas bases, as mulheres estão exercendo atividades invisibilizadas e socialmente sem valor já que são consideradas uma extensão de seu corpo e não um trabalho. Sua presença é massiva em atividades decorrentes da reprodução biológica e do posterior cuidado com a família, atividades próprias do doméstico do espaço do domicilio.
Em seu próprio cotidiano, as mulheres foram sendo excluídas do "mundo público", fundado na razão e no poder, cujas atividades são consideradas "próprias da condição masculina", reconhecidas e valorizadas socialmente. Dessa forma, as diferenças biológicas foram sendo transformadas em desigualdade entre homens e mulheres, refletindo-se, na prática, em situações de discriminação que as dificulta, apesar dos avanços, a integração nos espaços do "mundo público", que não lhes são designados. Configura-se, assim, no espaço público, uma dimensão da exclusão baseada na noção de "natureza feminina", reflexo da submissão aos papéis que são atribuídos às mulheres. Tudo a lhes restringir o direito à plena liberdade de atuar com igualdade.
Apesar do processo de mobilização, de organização e de conquista referenciados pelos marcos da igualdade formal entre homens e mulheres conseguida na maioria das sociedades ocidentais, hoje, de certa forma, pouco reconhecimento social tem sido dado às mulheres na condição de sujeitos políticos. Ainda não se lhes outorgou integralmente sequer a titularidade desses direitos, cujo exercício permanece condicionado à situação social a que estão submetidas ante as expectativas sociais em relação às responsabilidades específicas de gênero.
As mulheres estão presentes em todos os espaços da vida cotidiana, o que dá sustentação à sua reivindicação de participação paritária à dos homens nos espaços públicos e a sua efetiva inserção na produção social, elementos visíveis da ampliação de sua consciência e de sua organização para que se rompam os obstáculos rumo a igualdade de fato.
Para se discutir a participação das mulheres no poder político, é necessário antes contextualizar a realidade e considerar algumas questões mais gerais: a) a distribuição desigual de renda no mundo e, os setores mais afetados são aqueles constituídos por famílias em que as mulheres são as únicas responsáveis pelo sustento, recebendo, entre todos, os menores salários; b) as oportunidades de trabalho não são as mesmas para homens e mulheres pois, às mulheres cabem os cuidados dedicados à casa, aos filhos e aos mais velhos; c) os Estados Nacionais, nem sempre, implementam de maneira sistemática, as políticas públicas dirigidas às mulheres (políticas de saúde, educação sanitária, direitos de cidadania; d) a representação das mulheres nos postos de poder é pequena, tanto nos cargos de representação política por eleições quanto nos cargos de poder ou de mando no trabalho; e) ausência das mulheres nos espaços de poder político, como executoras das políticas públicas, dificulta a implementação de ações que contribuam para as mudanças na própria situação que enfrentam.
Nos últimos anos, nos marcos da orientação para a formulação de políticas públicas desde a IV Conferência em Beijing/95, verifica-se a preocupação em se definir ações para a eliminação de toda e qualquer desigualdade e discriminação contra as mulheres. Não por acaso, a mais recente reivindicação do movimento feminista é a inserção das mulheres nos espaços do poder político e nas esferas de decisão.
Convém lembrar que, em princípio, a democracia burguesa apresenta seus limites. Ela se delinearia a partir de um referencial de poder econômico baseado na propriedade que, por si só, é excludente. Ocorre que, historicamente, as mulheres sempre compuseram o conjunto dos sem propriedade e dos mais pobres da população, estando, portanto, em sua maioria, entre os excluídos. Por isso, desde um ponto de vista mais amplo, a democracia interessa às mulheres. Daí a sua histórica reivindicação de espaços iguais, não só nas esferas de poder, como uma demanda legítima que avança no sentido de tornar efetiva a construção da cidadania pela prática igualitária nos marcos da sociedade em que vivemos, onde o poder está organizado a partir da influência do capital.
É importante garantir não só a representação paritária, mas também a manutenção da presença das mulheres no parlamento, sobretudo daquelas que, ao assumirem a defesa das pautas que interessam às próprias mulheres, contribuem efetivamente para a construção de uma sociedade mais justa, que vai sendo delineada junto às contradições no exercício deste mesmo poder.
Vencer as desigualdades, democratizar as estruturas do Estado e conquistar a democracia plena. A desigualdade entre homens e mulheres nos níveis de poder é fato inegável e leva o questionamento dos critérios de acesso aos cargos: nestes casos, seria observada somente a capacidade? Tudo indica que também aí interfiram os mecanismos relativos à questão cultural e valores patriarcais subjacentes predominam na formação ideológica da sociedade e permeiam as atitudes e condutas dos que ocupam posições de poder, inclusive no parlamento. Essa herança cultural se manifesta na dificuldade que as mulheres têm para assumir certos cargos ou mesmo para defender algumas posições. Afinal, no processo de socialização, elas não têm sido estimuladas a enfrentar certas situações que impliquem assumir atitudes dotadas de mais ousadia profissional.
Dessa forma, a inserção de fato das mulheres no âmbito público se faz, com maior freqüência, naqueles espaços de menor poder, ou que sejam menos valorizados e exijam menos responsabilidades políticas. Entretanto, está comprovado, isto ocorre não pelo fato de as mulheres terem menos capacidade profissional que os homens e, sim, pela influência dos valores tradicionais e dos papéis sociais a elas designados como próprios de seu sexo, o que as afasta dos espaços profissionais valorizados. Assim, as mulheres, ao incorporarem “certas” funções, assumindo como suas “certas” tarefas, papéis que lhes são atribuídos, elas organizam suas vidas expectativas. Isto as tem levado a tomar “certas” obrigações como parte de suas vidas, agregando-as a seu tempo livre e descartando, toda e qualquer possibilidade de se realizarem profissionalmente e de desenvolverem suas potencialidades humanas. Em geral, ao tudo fizeram para concretizar esse tempo para o trabalho não reconhecido, as mulheres, tendem a renunciar à perspectiva profissional sempre que lhes é exigido dedicar mais horas e maior responsabilidade no trabalho profissional remunerado. Assim, deixam de lado a possibilidade de ampliar seus espaços e de conquistar maior projeção política e social - e, por tanto, maior poder.
Para que a defasagem relativa ao poder das mulheres e à sua presença nas esferas de decisão, de gestão social e de representação política seja superada, é necessário muito mais que uma política voltada para a ampliação da igualdade. Faz-se necessária uma democratização nas estruturas administrativas traçadas pelo Estado, inclusive no que se refere a seus objetivos políticos e econômicos e de distensão social.
Ampliar a presença das mulheres em diferentes espaços de participação dependerá sempre do alcance das políticas de igualdade implementadas pelos governos e pelas entidades de representação social, inclusive sob a forma de cotas sempre avançando rumo a uma política de paridade. Na realidade, tais políticas se constituem como verdadeiros princípios promotores da inclusão a estimular a mudança de mentalidade e de práticas políticas.

No trabalho

A mudança do papel da mulher na sociedade é visível. No Brasil, ela tem se alterado substancialmente, que pareça mudada neste sentido, a sociedade por vezes dá sinais de resistência. Mas, se é verdade que estamos ganhando espaço, nossa briga não é contra os homens, mas por uma sociedade igualitária: A questão sobre se esse crescimento decorre de maior necessidade econômica ou dos movimentos de emancipação da mulher. “Ambos os aspectos são relevantes”, o avanço tem duas razões principais: a sensibilização gerada por uma conquista do movimento feminista, depois da 5ª Conferência Mundial da Mulher, na China, em 1995: o apoio para que as entidades produtoras de dados em vários países passassem a disponibilizar as informações relativas a gênero e raça; e a perda de importância da indústria no cenário econômico.
Trinta anos de movimentos feministas depois, o perfil do mercado de trabalho brasileiro apresenta mudanças relativas a gênero, também, nas áreas que não requerem muita qualificação. Se, antes, os serviços domésticos eram realizados, apenas, pelas mulheres, hoje, os homens também disputam esse mercado, uma necessidade imposta pela falta de qualificação. Por outro lado, é cada vez maior o número de mulheres que precisam trabalhar para sustentar sozinhas suas famílias e não têm com quem deixar seus filhos.
A organização do trabalho nas ultimas décadas, tem sido marcada pelo ritmo intenso, jornadas prolongadas, pressão para produzir, opressão acentuada para se alcançar as metas pré-determinadas, exíguo tempo para concluir um projeto, vergonha de não saber, incertezas quanto ao futuro, e medos variados. As relações afetivas estão se tornando tensas e competitivas, predominando o “salve-se quem puder”, a indiferença pelo sofrimento do outro e a quebra dos laços de camaradagem. Persiste o abuso de poder, o autoritarismo, a omissão e cumplicidade com os desmandos hierárquicos apesar do discurso democrático das organizações.
São múltiplas as exigências transversadas por instruções confusas, ofensas repetitivas, agressões e maximização dos erros e culpas, transformando o dia trabalhado numa jornada de humilhações, revelando um ambiente de trabalho degradado deliberadamente. São condições vivenciadas por todos e que inaugura um clima de instabilidade emocional, insegurança, desconfiança entre os pares e quebra dos laços de amizade, inveja, ciúmes e fofocas. Este ambiente hostil tem sido responsável pelo aumento em 5% a 10% da morbimortalidade cardiovascular entre os trabalhadores/as, assim como estresse e depressão.
Os novos riscos estão contidos na organização do trabalho em íntima relação com as políticas de gestão, cujo objetivo fundamental é a produtividade. Nesta guerra para produzir mais com menos pessoas, vale tudo: agressões verbais, desmoralizações, discriminações e desqualificações perpetradas por um superior hierárquico contra uma pessoa ou, mais raramente, o coletivo.
Em ambiente de degradação deliberada das condições de trabalho, o risco invisível é ampliado e disseminado, 'contagiando' e adoecendo um maior número de trabalhadores e trabalhadoras. São estes riscos invisíveis reveladores das determinações do trabalho sobre a saúde e que não se dão apenas por condições objetivas mas por sua condição afetiva relacional.
A violência moral no trabalho tem como 'matriz' de sustentação, a assimetria hierárquica, abuso de poder e autoritarismo, fatores que propiciam a disseminação de mentiras e manipulações, cooptação e corrupções. Materializa-se freqüentemente em agressões verbais, gestos, risos, comentários grosseiros e irônicos, ridicularização, negação do outro, intolerância diante das criticas ou criatividade, desqualificação profissional, desmoralização, menosprezo pelo que o outro faz, diz ou sente.
Predominam relações hierárquicas desumanas, marcadas por ameaças, desrespeito aos sentimentos e emoções do outro. Explicitam-se em apelidos, ações, e falas repetitivas, que vão ecoando no coletivo, sendo internalizado por alguns, decomposto por outros, produzindo e mantendo um ambiente de terror, no qual prevalece a hostilidade, o rancor, a antipatia, a desconfiança e o individualismo.
A saúde é resultante das condições de vida e convivência solidária, em que predomina afetividade ética. Encontra-se numa certa margem de tolerância entre a convivência com o outro e os acontecimentos vividos ou que virão. Os 'guerreiros da modernidade' estão submetidos a condições de trabalho na qual imperam atos de terror psicológico, transformando o ambiente de trabalho num campo minado de emoções negativas. E neste ambiente maléfico, a doença vai sendo tecida nos marcos da relação de dominação e sujeição, de discriminações e desqualificações, de rebaixamentos e constrangimentos, revelando que o trabalhador é um ser que vive contingências, entre elas, os seus vários medos: de não saber, de perder o emprego, adoecer e tornar-se incapaz para o trabalho, de morrer social ou definitivamente.
Torna-se imperativo, dar visibilidade social aos atos de terror e violência moral no trabalho, denunciando a falsidade da ideologia da eficácia técnica. Falando da crueldade dos atos que aparentemente são neutros. Neste sentido, faz-se necessário combatermos toda e qualquer forma de manifestação de discriminação e violência moral no ambiente de trabalho quer seja por iniciativas legais, por exigências de mudanças na organização e relações de trabalho, através da abertura de novos postos de trabalho, diminuição da jornada e do ritmo, aumento de salário, autonomia do saber-fazer, diálogo e programas de prevenção dos riscos invisíveis que envolvam equipe transdiciplinar colegas e familiares, visando garantir de fato, a qualidade de vida no trabalho e na sociedade. Assim, nossa estratégia envolve duas dimensões: individual e coletiva que visa a se contrapor radicalmente à nova ideologia que elimina todas as outras, retirando o sentido da própria vida. A busca da felicidade no trabalho e em sociedade, pressupõe uma eticidade que contemple os direitos primários de todo cidadão: viver dignamente, com autonomia para criar e refletir, tendo seus direitos respeitados.

Mercado de Trabalho

As mulheres estão praticamente empatadas com os homens no que diz respeito à presença no mercado de trabalho jurídico, mas ainda estamos bem atrás quando se trata de cargos de liderança. Motivos que levam as mulheres a ocuparem menos cargos de liderança que os homens:

• Mulheres, em posição de liderança, são mais agressivas que homens e, por isso, sofrem mais resistências da equipe. Há um pouco de verdade nessa afirmação, pois existem de fato mulheres que acreditam, equivocadamente, que, para se igualar aos homens, precisam ser extremamente agressivas, mas, há também, um bocado de estereótipo de que mulheres em posição de comando são masculinizadas, estressadas e agressivas. Basta olhar ao redor, para ver que, na prática, a situação não é bem essa, afinal conhecemos homens e mulheres agressivos e não agressivos, logo, esse estereótipo poderia ser aplicado a qualquer um dos gêneros.

• Mulheres, mais do que os homens, possuem grande resistência de se reportar a outras mulheres. Mais uma vez temos que lidar com o estereótipo de que somos mais competitivas que os homens, que não somos amigas entre nós, que observamos mais a aparência do que a competência de nossas colegas, quando, na verdade, não passa de um simples mito, pois as mulheres podem ser tão (ou mais) colaborativas quanto os homens.

• Mulheres não sabem fazer networking e são pouco eficientes no marketing pessoal. Concordo que realmente temos mais dificuldades que os homens nesse aspecto. Se olharmos os barzinhos em horário de happy hour, 80% dos freqüentadores serão homens e 60% deles estará, certamente, falando de trabalho, projetos, metas, etc. Ainda temos muito que aprender.

• Mulheres são mais voltadas para a vida pessoal do que para o trabalho.

Meio Ambiente

Em virtude da maior diversidade de suas tarefas, as mulheres desenvolvem um conhecimento sobre o
seu meio ambiente freqüentemente mais compreensivo e inclusivo. A responsabilidade principal pela família tem crescido entre mulheres e isto faz com que sua habilidade seja um elemento cada vez mais importante para o manejo e recuperação do meio ambiente.
Essas responsabilidades frente a dificuldades que afetam a todos fazem com que as mulheres sejam as primeiras a protestar e a agir contra condições de agravamento da degradação ambienta. Isto porque, a divisão sexual do trabalho implica que mulheres e homens possuam diferentes repertórios de habilidades no uso e manejo dos recursos naturais e tenham interesse e responsabilidades diferentes.
A mulher vivencia mais fortemente a necessidade de definir sua cidadania, procurando o cenário propício para expor e impor a sua individualidade. Ao mesmo tempo, porém, luta para proteger da profanação pública aquilo que considera, tanto quanto o parceiro, o núcleo fundamental de sua personalidade, que a faz ser e continuar sendo mulher, com seus valores subjetivos, libidinais e agressivos, imprescindíveis para a plenitude do amor.
Entretanto, não importando quanto sejam inventivas e habilidosas, as mulheres são mais freqüentemente do que os homens, privadas das possibilidades de usar e administrar recursos naturais, frustrando sua capacidade de prover sua sobrevivência diária e neutralizando a contribuição que possam trazer o manejo ambiental sustentável.

Por sua inumerável forma de participação e atividade dentro da sociedade, com forte influência nas decisões das políticas de desenvolvimento, quer direta ou indiretamente, a mulher não pode ficar à margem da causa ambiental, ao contrário ela está relacionada a ela e conseqüentemente ao desenvolvimento sustentável.
Algumas instituições têm destacado a importância da participação das mulheres em projetos de desenvolvimento sustentável e a educação ambiental tem incorporado as condições reais vividas pelas mulheres, especialmente no ambiente rural.

Violência, Sexualidade

Uma das faces mais trágicas do cotidiano da mulher brasileira só veio à tona depois que as lutas feministas conseguiram acabar com o tabu do espaço privado. Foram necessárias décadas para mudar- e ainda é só o começo – a noção de que a intimidade do lar não é de interesse público.
Colocada de lado a máxima “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, o movimento feminista enfrenta todo tipo de dificuldade quando o assunto é a violência doméstica, e aos demais abusos sofridos por mulheres – sejam elas, adultas, adolescentes ou crianças – em nosso país.
Não existem, por exemplo, estatísticas oficiais que comprovem os números que vêm sendo coletados há anos por ONGs e organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). A explicação do Ministério da Justiça é que o Governo Federal depende das informações que são coletadas pelas secretarias estaduais de Segurança Pública no que se refere às violências sofridas pelas mulheres.
As relações sexuais passam de formas de comunicação a serem vividas como formas de dominação do outro, mais comumente do homem sobre a mulher, sendo esse outro destituído de sua condição de sujeito ativo.
As violências contra as mulheres englobam atos que nos ameaçam, que nos constrangem ou nos forçam, que nos infligem quer na vida pública quer na vida privada, sofrimentos físicos, sexuais ou psicológicos com o sentido de intimidação, punição, humilhação, atingindo nossa integridade física e subjetividade. O sexismo, a pornografia, o abuso e o assédio sexual, e as violações, seriam algumas das múltiplas expressões sociais de violências contra as mulheres.
O feminismo muito avançou no plano jurídico e político formal, em termos de visibilidade para violências naturalizadas, tidas como coisas de marido e mulher, por exemplo, ou do âmbito do privado. Mas se reconhece que ainda nesse campo são muitas as lacunas e, entre elas, destaco as relações de gênero entre os jovens, e a falta de políticas educacionais que mexam com conteúdos curriculares e práticas tradicionais nas escolas.
A gravidez entre adolescentes é um tipo de violência contra a mulher jovem. São comuns os casos de mortalidade infantil e mortalidade materna associada a tal gravidez, considerada no mundo médico como de "risco" (quando a mãe tem menos de 16 anos - por associação com hipertensão, formação incompleta do aparelho reprodutivo e desnutrição, além de maior incidência de eclampsias, infecções urinárias e anemia. É também comum a interrupção dos estudos entre jovens mães.
Na mídia, a violência é gratificada, e o reconhecimento social da mulher, passa pela coisificação do seu corpo, em especial, se jovem. Então como pedir a jovens, em particular as que vivem em bairros pobres, dominadas por múltiplas violências, "desempoderadas", sem perspectivas, que se recusem a serem tratadas como coisas, "cachorras" no pornofunk, quando o seu corpo é uma fronteira, a última, a única, de poder, o poder da sedução, ainda que seja um poder que a reduz a mais uma dominada, violentada?
O universo feminino juvenil suas referências culturais, os sentidos de seus corpos são silenciados por uma educação tradicional ou por valores de uma "adultocracia" bem intencionada, mas distante de tal universo. Os tempos são propícios para o desenvolvimento de um capital cultural político juvenil com orientação feminista própria, para que as jovens sejam sujeitos políticos por seus direitos.
De fato, nestes tempos de reinvenção da esperança, com a eleição de um candidato das esquerdas, no Brasil, urge investir na configuração de movimentos sociais que conjuguem radicalidade crítica com proposição, pressão e acompanhamento de políticas, além de investimento na crítica cultural e política destes tempos, o que pede atenção sobre o estado de juventudes.

Na Educação

Como todos os outros espaços sociais, a escola também é responsável pela produção de pedagogia de gênero de muitas formas, tendendo a reproduzir o padrão dominante na sociedade, que enaltece o masculino e abafa o feminino. A solução é a conscientização e a promoção de mudanças cotidianamente, sempre com a ajuda dos maiores aliados dessa luta pela igualdade, que passa também, e principalmente, pela escola: os professores. As maneiras são sutis, mas possíveis. É só o educador se lembrar de trocar o plural masculino, que se refere a todos, pelo que inclui o feminino. Então, em vez de "os alunos que terminarem a lição podem ir para o recreio", o correto seria a frase "meninos e meninas que terminarem a lição podem ir para o recreio". Nas aulas, propriamente ditas, o trabalho é menos sutil. Como o homem é a referência natural dos exemplos citados, trata-se de resgatar as realizações das mulheres, em vez de só se referir às obras masculinas, aos grandes escritores e aos grandes heróis, por exemplo, mostrando a presença da mulher na História, na Literatura e na Ciência, entre outras áreas. Parece banal, mas é nesse pequenino mundo que se muda, que comemora a chegada deste tipo de mudança aos livros escolares e também aos professores.
"A escola está em profunda transformação, porque a sociedade também está se transformando muito rapidamente. Em função dos movimentos globais e feministas e também das minorias sexuais estas questões ganharam mais visibilidade".
As mudanças estão cada vez mais visíveis, não somente com a tomada de consciência sobre a questão, que leva a uma reeducação dos profissionais, mas também com exemplos na vida prática. Hoje a professora dos ensinos médio e fundamental nem de longe remete à figura clássica da normalista sonhadora e romântica, da qual se esperava entrega completa e produzia nos alunos uma espécie de identificação como sua 'mãe espiritual'. Aquela professorinha é hoje uma trabalhadora, sindicalizada, chefe de família, que reivindica, decide, está ligada às questões políticas e está longe de ser passiva. Além disso, num terreno antes quase que exclusivo das mulheres os homens também estão se fazendo presentes, com um aumento na presença masculina nas aulas do ensino médio.
A escola reproduz as distinções, desigualdades e as diferenças de gênero. Nem sempre percebemos esta realidade, e até mesmo cometemos o agravante de (re) produzir as discriminações contra a mulher. Isto acontece também na família, no trabalho, na igreja, na política, no sindicato, enfim, em toda sociedade de classes.
Muitas vezes estas atitudes e ações discriminatórias de gênero, raça, etnia e classe passam a ser, de certa forma, entendidas como "naturais", para as quais damos pouca atenção. O "natural" passa por "normal" e, assim, praticamos e concordamos com esta realidade, sem nenhuma consciência crítica.
Nossa intenção é questionar, problematizar e analisar alguns aspectos, tanto da política educacional como sobre o cotidiano escolar, e portanto compartilhar inquietações, na perspectiva de estarmos atentos à nossa realidade escolar com a convicção de que é possível mudar, transformar, combatendo todas as formas de opressão, exploração e discriminação.
A instituição escolar no Brasil era, inicialmente, apenas para alguns - homens e ricos - foi sendo modificada ­ e precisa continuar avançando na perspectiva de garantir escola pública, gratuita, laica, unitária para todos, desde a educação infantil até a universidade. - Portanto, temos que ter uma política educacional que, de fato, contemple esta proposta, visando uma educação democrática, uma educação não sexista.
Quanto ao cotidiano escolar, é preciso que nós, profissionais de educação, analisemos quais são nossas concepções de "ser mulher" e "ser homem" e quais concepções ensinamos. Somos (re) produtores das discriminações e desigualdades entre os sexos ou assumimos a luta por uma educação não sexista?
Hoje temos a co-educação, que substituiu as escolas masculinas e femininas. Mas há igualdade entre os gêneros na instituição escolar?
Analisemos algumas indagações: Notamos que no interior das escolas convivem meninos e meninas?
Por que os meninos precisam de maior espaço?
Por que as filas são separadas e a escolha de brinquedos e jogos é diferenciada segundo o sexo?
Como é tratada a sexualidade na escola e por que a educação é considerada área de atuação feminina?
Nos livros didáticos há estereótipos, a língua portuguesa é sexista?
É de se esperar que os desempenhos nas diferentes disciplinas revelem as diferenças de interesse e aptidão "características" de cada gênero?
É verdade que os meninos são mais agitados?
Por que aulas separadas na educação física?
Se analisarmos estas questões e outras, constatamos que não há igualdade entre os gêneros na instituição escolar. Precisamos questionar não só o que ensinamos mas como ensinamos e que sentido nossas alunas e nossos alunos dão ao que aprendem.
É necessário problematizar as teorias que orientam nosso trabalho. Precisamos estar atentos para a nossa linguagem procurando perceber a discriminação de gênero/racismo/classe. Precisamos desconfiar do que é tomado como natural, perceber também o que está oculto, o não dito, aquilo que é silenciado.
A participação da escola, na construção de sujeitos femininos e masculinos, está relacionada com a concepção da sociedade. Nossa atuação deve ser na escola e também na sociedade. Entendemos que a escola não é só local de (re) produção como também lugar de conflitos e confrontos, envolvendo todos que atuam na escola e que podem questionar, criticar, rejeitar suas práticas numa perspectiva de resistência e mudanças para uma educação não sexista.
Infelizmente nos dias atuais temos vislumbrado que o HOMEM ao invés de se tornar cada vez mais culto, sociável, e que a espécie se torne cada vez mais desenvolvida perceber que ele tem regredido, não sendo possível nem mesmo compará-lo a um animal irracional, pois isso seria um elogio, pois nem mesmo os animais irracionais agem da forma que tem agido o homem. O homem, em relação ao sexo masculino e não em relação a homem sociedade, tem se mostrado hoje como um verdadeiro monstro. Um monstro quase que indomável.
São bárbaros os fatos que tem sido noticiado de agressão contra a mulher, fatos estes praticados pelo homem. As violências mais comuns são a psicológica, física e sexual, sendo que em muitas das vezes a mulher acaba sendo assassinada pelo HOMEM.
A violência contra a mulher tem sido um dos motivos mais preocupantes na atualidade, uma vez que o índice e a freqüência dessas agressões vem aumentando dia a dia. De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Sangari Brasil entre 1997 e 2007, morreram 41.532 mulheres vítimas de homicídio, ou seja, em média 10 mulheres eram assassinadas por dia no BRASIL e segundo as ultimas pesquisas lançada pelo Instituto “Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil, o que coloca o país em 12° no ranking mundial de homicídios de mulheres. A maioria delas é vítima de parentes, maridos, namorados, ex-companheiros ou homens rejeitados por elas”.
Infelizmente a violência contra a mulher é um mal que atinge o mundo inteiro, independentemente de serem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, pessoas ricas ou pobres, brancas ou negras.
Poderíamos dizer que a violência contra a mulher está baseada em uma visão do homem de superioridade sobre a mulher em todas as áreas, sentindo-se no direito de usar a força física, a violência com os mais variados fins.
Pode-se ressaltar como sendo fatores de risco para as mulheres, os fatores: Culturais, Sociais, Psicológicos e Idiossincráticos.
Por ser a mulher o tão conhecido "SEXO FRÁGIL", pensam os homens serem eles o aquele que define o que deve ser e como deve ser.
Nos dias atuais a mulher vem buscando sua própria independência, serem donas de seu próprio nariz, de sua própria vida, fazendo com que o homem sinta-se sem poder, sem autoridade sobre elas. Levando-os a ficarem enfurecidos. É bárbaro os fatos que vêem acontecendo ultimamente. Mulheres sendo mortas como se fossem um bicho selvagem ameaçando a vida de alguém, tendo seus restos mortais jogados em qualquer lugar, abandonados, queimados, ou até mesmo servindo de comida para cães.
Os últimos fatos da atualidade tem deixado o BRASIL chocado. Torturar, manter em cativeiro, premeditar a morte da mãe e ainda cogitar a idéia de tirar a vida de uma criança de 05 meses, até onde pode chegar a maldade da mente humana.
Onde está o respeito ao direito a vida?!
A mulher está a mercê da maldade masculina, de acordo com site R7 Noticias em matéria publicada no dia 13/05/2010, apenas 7,1% do municípios Brasileiros possui delegacias especializadas em Defesa a Mulher e que penas 18,7% dos municípios possuem organismos voltados a mulher.
"O país tem atualmente 262 municípios com casas-abrigo voltadas a mulheres vítimas de violência, 559 com centros de referência de atendimento à mulher, 469 com núcleos especializados de atendimento à mulher das Defensorias Públicas e 274 com Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher".
No entanto ficam as mulheres do país a mercê da vontade dos nossos governantes, esperando que esses tomem alguma atitude voltada a sua proteção, enquanto isso não acontece não sabe quantas mulheres ainda serão agredidas e mortas no país.

Palavras Finais

É possível estabelecer uma ponte entre homens e mulheres? Deixo a construção da resposta a cada um. Acredito que este artigo pode ajudar a discutir o problema de como erradicar certos falsos valores que ainda permeiam a educação da mulher: frivolidade, submissão, incompetência para tarefas primordiais. Acredito que se possa fazer o mesmo em relação aos falsos valores da educação masculina: autoritarismo, a falta de sensibilidade e a violência.
Não esqueçamos, porém, que, se vivemos entre duas subculturas informadas por falsos valores, a feminina tem sido sempre a desvalorizada, como resultado da desvalorização da mulher. Ora, a supervalorização da subcultura masculina cria um universo esquizofrênico no qual muito esforço será necessário para estabelecer a ponte entre homem e mulher.
A libertação feminina é processo histórico muito lento, ainda em andamento. Um assunto, portanto, que não oferece conclusão. Ao contrário, há muito ainda a se escrever sobre ele.
No meu entender, a libertação feminina não ocorrerá totalmente nos marcos desse tipo de sociedade em que vivemos, porque ela implica também a libertação masculina. Há na subcultura feminina valores que precisam ser preservados - suavidade, sensibilidade, colorido, expressividade, lirismo - e que começam a ser assumidos por muitos homens. Enquanto aguardamos essa hipotética sociedade sem preconceitos sociais, raciais e sexuais, vejamos concretamente o que ocorre no Brasil em termos de legislação.
No caso brasileiro, no nível formal, isto é, quanto à situação jurídica, não há como negar que a mulher tem avançado. Segundo a jurista Ivette Senise Ferreira, não existe em nossa constituição federal qualquer restrição ao pleno gozo da cidadania pelo fato de ser mulher. Além disso, o novo estatuto da mulher e outras medidas que foram implementadas caminham na direção de atender às reivindicações dos principais movimentos feministas. Quanto à discriminação no campo profissional, ela tem sido em parte corrigida, ora por denúncias desses movimentos, ora por pressões da Organização Internacional do Trabalho. No conjunto, porém, da legislação brasileira, a situação jurídica da mulher apresenta poucas diferenças em relação à do homem. O que ocorre com a mulher, portanto, é o que ocorre em geral com todos os oprimidos em nosso país: negros, índios, classe trabalhadora. A legislação não tem força para mudar seculares barreiras e preconceitos. Uma substância autoritária perpassa toda a nossa estrutura social e vai se reproduzindo, principalmente através da educação, e sempre no interesse da opressão social e da dominação econômica.
Analisando a situação do país como um todo, concluo que a eliminação do problema "só será conseguida com a mudança de mentalidade nos dois sexos".
É evidente que a licença de cinco dias concedida ao pai por ocasião do nascimento de filho não resolverá graves e complexas questões da relação homem-mulher na "moderna" civilização industrial. Mas ela deve ser saudada como um passo dado em nosso país para mudar a mentalidade “nos dois sexos”, como propõe a Comissão Jurídica da ONU, especificamente no que se refere à responsabilidade de criar e educar os filhos.
O momento da aprovação dessa licença foi privilegiado no sentido de fazer emergir toda força retrógrada da mentalidade que afasta o homem da mulher no que concerne ao exercício da paternidade. Já não falo dos políticos ligados às forças econômicas mais reacionárias, que saíram a público fazendo cálculos sobre horas de trabalho perdidas e seu custo social, como se homens e mulheres fossem apenas maquinas de produzir riqueza material.
A mulher, durante milênios, se enxergou através do olhar masculino. Foram os homens quem determinaram nossa forma de ser e agir, nos fazendo acreditar que sempre havia sido assim, e na sua fala nos transmitiam mentiras e preconceitos que se perpetuam até hoje.
Durante muito tempo não questionamos, não agimos, não exigimos, não nos consideramos capazes porque nos foi incutido que éramos inferiores por não termos as mesmas condições mentais dos homens, sem a mínima capacidade de sobrevivência, se não tivéssemos ao nosso pai, o irmão, o marido, o filho ou qualquer outro elemento do sexo masculino para nos sustentar.
O interessante é que essa cultura preconceituosa e machista atravessou os séculos sem que a mulher percebesse que isto era uma retumbante mentira já que é ela quem dava a unidade familiar, foi ela quem sustentou a família enquanto o homem se ausentava temporária ou definitivamente. A fala disseminada ao longo dos séculos foi de que a mulher era frágil, sem condições de pensar, criar ou sobreviver sem o homem, servindo apenas como um grande útero.
Mas essa cortina de mentiras e preconceito se desfaz diante de nossos olhos e as mulheres estão cada vez mais se conscientizando de sua importância e poder na sociedade.
A mulher na sociedade atual já tem tomado consciência de sua tarefa no mundo político em que está inserida, mas devido as suas condições de fraquezas adquiridas ao longo da história, não avançou eficientemente, como deveria ter progredido, como fizeram em associações bem mais novas e menos numerosas do que a quantidade de mulheres que sofrem o despotismo dos machismos inconseqüentes, que não contém seus momentos de fúria descontrolada.
Já não se pode pensar numa mulher submissa, contudo ela deve compreender sua função social e partir para uma igualdade de participação, tanto no contexto social, como no econômico, tendo em vista que sua atuação de igualdade cada vez mais se concretiza.
A conscientização da mulher como um ser, só se concretizará efetivamente quando ela tiver sua independência política e econômica, tiver consciência de sua real importância e papel na sociedade se livrando de vez da idéia de inferioridade ao homem e assumir ativamente sua responsabilidade na construção de sociedades sustentáveis e na construção da paz.
A mulher está vencendo e deverá vencer muito mais; mas sem a prepotência de companheiras frustradas que brigaram consigo mesma e se debelaram contra aqueles que lhes deram "proteção" durante muito tempo e que hoje está condenado como a fera diante da bela que só oferece amor, paz e tranqüilidade e só recebe violência e desafeto, no pensamento de algumas feministas.
A mulher brasileira possui vários perfis. Ela é múltipla e essa diversidade é explicada por questões regionais, culturais e socioeconômicas, desejando maior autonomia social, independência e liberdade, seja no sentido amplo, seja no sentido econômico.


“Quando pensamos sobre o significado de ser homem ou mulher, estamos em geral menos interessados no sexo, do ponto de vista biológico, do que no gênero, o conceito que encobre a masculinidade e a feminilidade. Devemos então tentar estabelecer como uma criança vem a pensar em si própria como menino ou menina e como as crianças desenvolvem a idéia de que é masculino comportar-se de uma forma e feminino comportar-se de outra”.
(John Nicholson em Men & Women: How different are they?)




Maria Conceição Gomes de Melo

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