domingo, 6 de junho de 2010

COM VERGONHA DE SER FELIZ

Com vergonha de ser feliz

Comparada à dos Estados Unidos, a indigência brasileira é monumental Mas, confrontada com a da Índia, ganha um toque de amenidade.
Até o ano 2010, eles já terão cruzado a marca de 1 bilhão de habitantes: A cada 18 meses, nasce uma população igual à de São Paulo, 63% dela desnutrida; neste mesmo período, morrem três Brasílias de crianças que não completam 5 anos, vítimas de doenças evitáveis.
Junto com o inútil consolo – inútil porque o desnutrido brasileiro não vai sobreviver por causa da estatística alheia –, a Índia revela, em compensação, o tamanho da incompetência brasileira. Apesar de enfrentar obstáculos várias vezes mais duros que os do Brasil, a Índia exibe maiores avanços sociais.
Os indianos vivem em estado de desavenças com o Paquistão, enfrentam a desconfiança da China, movimentos de independência armados e grupos terroristas. O assassinato de líderes políticos é quase rotina. Uma parte do país é conhecida como território proibido, inacessível aos turistas, onde a pancadaria é diária. Há uma permanente tensão entre a maioria hindu e a minoria religiosa, ambas repletas de fanáticos.
Uma dessas minorias, a muçulmana, tem "apenas" 150 milhões, ou seja, toda a população brasileira. Para aprofundar as distâncias étnicas, há 17 línguas oficiais e pelo menos 2000 dialetos. Eles têm jornais diários publicados em 96 idiomas, sem contar as revistas ou demais publicações.
Apesar desses obstáculos que o Brasil não imagina em seus piores pesadelos, eles deslancharam o que ficou conhecido como revolução verde, irrigando terras, estimulando o homem do campo, em meio a descobertas genéticas que aumentaram a produtividade.
Não por acaso as pesquisas da Índia em biotecnologia são avançadas. Resultado: a produção indiana de grãos pulou de 51 milhões de toneladas em 1950 para 182 milhões em 1994.
No Brasil, muito ao contrário, o mais importante centro de pesquisas agrícolas a Embrapa, foi deixado ao abandono.
Sem guerras religiosas, regionais ou de fronteira, apenas com uma língua oficial, se o país tivesse aproveitado seu crescimento econômico e a abundância de verbas externas, dando o mesmo salto na agricultura, teria minado a fome em uma geração.

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