sábado, 13 de fevereiro de 2010

VIDA de PROFESSOR

VIDA DE PROFESSOR

Viver é ter que preparar aula correndo, não encontrar o livro desejado, sair de casa às pressas.

Viver é ter que ir a mais uma reunião da escola na segunda-feira, sabendo que não vai ser decidida coisa nenhuma.

Viver é ir correndo ao banco no fim das aulas da manhã, desfilar fila por fila em frente ao guichê para pagar a conta da luz, da água, do gás, do telefone, o aluguel, o condomínio, o carnê da prestação, o IPTU, o IR, o ISS, a licença do carro, o plano privado de saúde... perdendo horas e horas que nos são roubadas pelo sistema financeiro nacional.

Viver é ter guardada em casa uma lista de livros que um dia a gente acha que vai ter tempo de ler.

Viver é ter que ler mais uma proposta curricular feita por pessoas que parecem jamais ter entrado em uma sala de aula, uma proposta cheia de jargão acadêmico, com objetivos delirantes e abstratos e, ainda por cima, com aquele jeitão de ciência.

Viver é fazer força para passar aos nossos alunos todos os valores nos quais fomos educados e que já começamos a colocar em dúvida.

Viver é ter que acordar cedo, tirar xerox, autenticar, reconhecer firma, ir ao dentista, passar no supermercado, levar o aspirador de pó para o conserto, procurar um encanador, ajudar o neto nas lições de casa, tentar renovar o cheque especial, dar aula, e ... de repente perceber que esqueceu do mais importante.

Viver é ter uma agenda e perder a agenda; é ter um guarda-chuva e perder o guarda-chuva; é ter paciência e começar a perder a paciência por qualquer coisa.

Viver é ter que corrigir trezentas provas, passar a nota para o diário, na esperança de nunca mais ter que fazer isso. Até o mês que vem ...

Viver é a ressaca de repor aula depois da greve.

Mas, apesar dos pesares, viver é o gosto de dar aulas, de preferência quando poucas, interessantes e bem pagas.

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