domingo, 26 de fevereiro de 2012

O MITO da DEMOCRACIA RACIAL

O Mito da Democracia Racial

A partir dos dados da sociedade, pode-se afirmar que é romântica a concepção de que vivemos numa nação livre de preconceito racial, que deve muito ao antropólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987). Em Casa Grande e Senzala (1933), Freyre defendeu a tese de um antagonismo camarada e harmonioso entre as três principais etnias que constituíram o povo brasileiro: os colonizadores portugueses, os escravos africanos e os nativos indígenas.
Mas a história dos 350 anos de escravidão registra revoltas e conflitos, como foi a própria constituição do Quilombo dos Palmares (século XVII), na região do atual estado de Alagoas, por escravos foragidos e seu extermínio por armas. Calcula-se que, do século XVI ao XIX, tenham sido trazidos da África para as Américas 10 milhões de africanos escravizados, dos quais 4 milhões para o Brasil.
Pressionado pela Inglaterra, que impulsionava a Revolução Industrial e o capitalismo com mão de obra assalariada, o Brasil proibiu o tráfico negreiro em 1850. Em 1871, a Coroa assinou a Lei do Ventre Livre. A partir de então, todo filho de escravo nascido no Brasil ou permaneceria com o proprietário de seus pais até os 21 anos, trabalhando como homem livre, ou seria entregue ao governo.
Na prática, a lei nada avançou, pois dos presumíveis 400 mil negros nascidos após a promulgação da lei, apenas 118 foram entregues ao governo. Assim, na prática, aqueles que nasciam livres permaneciam escravos nas fazendas onde haviam nascido.
A Lei do Ventre Livre foi ignorada pela justiça brasileira da época, e o movimento abolicionista só começou a ganhar força em 1880. Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi sancionada pela princesa Isabel, que ocupava o trono como regente. Quando a escravidão foi abolida, parte dos escravos já havia conseguido alforria ou fugido das fazendas. Os que foram libertos não tinham estudo nem receberam indenização.
Estima-se que, por ocasião da abolição, em 1888, dos 800 mil escravos libertados menos de 1% era alfabetizado. O refúgio nas zonas rurais foi um dos caminhos encontrados. A Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, registra a existência no país de 1.342 comunidades quilombolas, a maior parte no Nordeste, principalmente na Bahia e no Maranhão.
Mais de um século depois da abolição, o Brasil ainda possui desigualdade em diferentes aspectos sociais, educacionais e de emprego e renda ligados a questões raciais e de sua formação populacional.




2012 – Fonte: Atualidades Vestibular

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