domingo, 26 de fevereiro de 2012

PROBLEMAS SOCIAIS DO BRASIL

Problemas Sociais do Brasil
Os principais problemas brasileiros, suas causas, consequências e influências
na vida das pessoas

Introdução

Embora o Brasil tenha avançado na área social nos últimos anos, ainda persistem muitos problemas que afetam a vida dos brasileiros. Abaixo listaremos uma relação dos principais problemas brasileiros na atualidade.

Desemprego

Embora a geração de empregos tenha aumentado nos últimos anos, graças ao crescimento da economia, ainda existem milhões de brasileiros desempregados. A economia tem crescido, mas não o suficiente para gerar os empregos necessários no Brasil. A falta de uma boa formação educacional e qualificação profissional de qualidade também atrapalham a vida dos desempregados. Muitos têm optado pelo emprego informal (sem carteira registrada), fator que não é positivo, pois estes trabalhadores ficam sem a garantia dos direitos trabalhistas.

Violência e Criminalidade

A violência está crescendo a cada dia, principalmente nas grandes cidades brasileiras. Os crimes estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. Nos jornais, rádios e tvs presenciamos cenas de assaltos, crimes e agressões físicas. A falta de um rigor maior no cumprimento das leis, aliada as injustiças sociais podem, em parte, explicar a intensificação destes problemas em nosso país.

Poluição

Este problema ambiental tem afetado diretamente a saúde das pessoas em nosso país. Os rios estão sendo poluídos por lixo doméstico e industrial, trazendo doenças e afetando os ecossistemas.
O ar, principalmente nas grandes cidades, está recendo toneladas de gases poluentes, derivados da queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo - gasolina e diesel principalmente). Este tipo de poluição afeta diretamente a saúde das pessoas, provocando doenças respiratórias. Pessoas idosas e crianças são as principais vítimas.

Saúde

Nos dias de hoje, pessoas que possuem uma condição financeira melhor estão procurando os planos de saúde e o sistema privado, pois a saúde pública encontra-se em estado de crise aguda. Hospitais superlotados, falta de medicamentos, greves de funcionários, aparelhos quebrados, filas para atendimento, prédios mal conservados são os principais problemas encontrados em hospitais e postos de saúde da rede pública. A população mais afetada é aquela que depende deste atendimento médico, ou seja, as pessoas mais pobres.

Educação

Os dados sobre o desempenho dos alunos, principalmente da rede pública de ensino, são alarmantes. A educação pública encontra vários problemas e dificuldades: prédios mal conservados, falta de professores, poucos recursos didáticos, baixos salários, greves, violência dentro das escolas, entre outros. Este quadro é resultado do baixo índice de investimentos públicos neste setor. O resultado é a deficiente formação dos alunos brasileiros.

Desigualdade social

O Brasil é um país de grande contraste social. A distribuição de renda é desigual, sendo que uma pequena parcela da sociedade é muito rica, enquanto grande parte da população vive na pobreza e miséria. Embora a distribuição de renda tenha melhorado nos últimos anos, em função dos programas sociais, ainda vivemos num país muito injusto.

Habitação

O déficit habitacional é grande no Brasil. Existem milhões de famílias que não possuem condições habitacionais adequadas. Nas grandes e médias cidades é muito comum a presença de favelas e cortiços. Encontramos também pessoas morando nas ruas, embaixo de viadutos e pontes. Nestes locais, as pessoas possuem uma condição inadequada de vida, passando por muitas dificuldades.

O Direito como Instrumento de Combate aos Preconceitos

O DIREITO COMO INSTRUMENTO DE COMBATE AOS PRECONCEITOS


Os preconceitos provocam grandes malefícios, principalmente às classes média e pobre - onde a discriminação é muito mais forte.
Os preconceitos infiltram-se no tecido social, tal como a água subterrânea se infiltra nos poros das rochas. Eles estão nas ruas, nos locais de trabalho, nas escolas, nas universidades, nas festas, nas igrejas, em nossas casas, dentro de nós, causando tristeza, depressão, angústia, perda de auto-estima, redução da autoconfiança, sofrimento, conflitos inter(pessoais) e guerras inter(nacionais).
Eles intimidam os discriminados, facilitando a sua dominação pela classe hegemônica.
Por preconceito, o continente africano foi desprezado, durante séculos! Por preconceito, o Ocidente julga-se superior ao Oriente. Por preconceito, mães repelem, agridem e se envergonham de seus filhos gays. Por preconceito, as mulheres foram (e ainda são, em muitos países e em muitos lares brasileiros) inferiorizadas e violentadas, Por preconceito, negros e mulheres já foram tratados como coisas.
Preconceito FERE! Preconceito DÓI! Preconceito MATA!
Todos nós discriminamos e somos discriminados - c o t i d i a n a m e n t e - e isso reduz nossa chance de ser feliz. Por esse motivo, devemos nos empenhar em combater todas as formas de preconceito que nos atingem, de forma ostensiva ou, muitas vezes, tão sutil, que a gente nem percebe mas nosso inconsciente sofre as conseqüências, sob a forma de traumas psicológicos, arrogância, timidez etc.

ABUSO SEXUAL -Violação de Direitos na vida de Crianças e adolescentes

ABUSO SEXUAL: VIOLAÇÃO DE DIREITOS NA VIDA DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES

PADOIN, Isabel Graciele

Palavras-chave: Abuso Sexual; Crianças e Adolescentes, Pedofilia.

Introdução

O abuso sexual constitui uma das categorias de maus-tratos contra crianças e adolescentes, definido como qualquer atividade ou interação onde a intenção é estimular e/ou controlar a sexualidade da criança. Nele também está envolvido o abuso físico e psicológico. Por isso, pode ser definido como uma forma de violência a qual envolve poder, coação e/ou sedução (BORGES; DELL' AGLIO, 2008; AMAZZARA Y, KOLLER, 1998).
O abuso sexual vem sendo considerado um relevante problema social e de saúde pública, devido à alta incidência deste em todas as camadas sociais da população. A maioria dos abusos tem ocorrido no contexto intrafamiliar, sendo que a maior parte dos abusadores das crianças e adolescentes são pessoas com as quais a criança mantém um relacionamento de amor e confiança, sendo por isso que, na maioria das vezes, há o "pacto do silêncio" por parte da família (BORGES; DELL' AGLIO, 2008; ABRAPIA, 1997).

Metodologia: A metodologia utilizada fora à pesquisa bibliográfica, tendo por base a consulta de periódicos, artigos científicos e livros.

Resultados e Discussões

O abuso sexual envolve o contato ou a interação entre um adulto e uma criança, em que o primeiro utiliza a última de maneira sexual. Compreende assim, todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual que pode variar desde o intercurso sexual havendo ou não a penetração, o uso de agressões físicas ou outras agressões (psicológicas e morais), manipulação, contato oral ou genital, estimulação, voyeurismo (fantasias sexualmente excitantes envolvendo o ato de observar uma pessoa que está nua, a se despir ou em atividade sexual, sem suspeitar que esteja sendo observada), exibicionismo, assim como a exploração de crianças por meio de pornografia e prostituição (MILLER, 2008; BORGES; DELL' ÁGUO, 2008).
Além do exposto, Borges e Dell' Áglio (2008) afirmam que o abuso sexual pode ser definido como o envolvimento de crianças e adolescentes em atividades sexuais que não compreendem em sua totalidade e que não estão aptos a concordar. Assim, o abuso sexual da criança revela-se como uma relação a qual viola as regras sociais e familiares da nossa cultura. Aqui pode haver o uso da violência física que na maioria dos casos pode estar ausente. Na maior parte dos casos o abuso sexual é cometido por familiares e responsáveis, já que são os adultos que mantêm maior contato direto com a criança e o adolescente. Nesse aspecto, estudos revelam que, na maioria das vezes, o abusador é uma pessoa em quem a criança confia e ama. Nesse aspecto, há uma categoria chamada incesto que se configura como uma relação de caráter sexual entre um adulto e uma criança ou adolescente, entre um adolescente e uma criança, ou ainda entre adolescentes, quando existe laço familiar, seja direto ou não (ABRAPIA, 1997).
Na sociedade, os abusos sexuais caracterizados como institucionais são os mais freqüentes. Quando se fala nesta forma de abuso é necessário esclarecer que são cometidos pelas instituições que deveriam estar protegendo e garantindo o bem-estar das pessoas. Logo, é nos espaços tidos como o lar das vítimas que ocorre este tipo de abuso. Tal modalidade de abuso acontece, na maioria dos casos, no interior da estrutura familiar, sendo perpetrados por membros da família como o pai, a mãe, o padrasto, a madrasta, irmãos, tios, avós, primos. É comum que o abuso sexual intrafamiliar inicie na infância ou na adolescência, quando a vítima não tem discernimento do que está acontecendo. (ABRAPIA, 1997).
Desse modo, o adulto busca estimular sexualmente a criança ou o adolescente com ações sexualizadas, que podem ser desde conversas obscenas, masturbação forçada, exposição do corpo nu, mostrar fotografias, filmes eróticos ou pornográficos, exigir a participação em atos libidinosos (carícias e toques inapropriados) e em relações sexuais propriamente ditas, seja anal, genital ou oral. Assim sendo, o adulto passa a executar ações tidas como pervertidas com o objetivo único de ter prazer sexual (BORGES; DELL' ÁGUO, 2008).
A criança ou o adolescente abusado não tem capacidade de discernir o que está acontecendo devido à sua imaturidade emocional e cognitiva e à recente formação de "Seu desenvolvimento psicossexual. A participação destes indivíduos em atividades inapropriadas para sua idade é de responsabilidade do adulto que tem a obrigação de saber que tais ações são extremamente prejudiciais para a população infanto-juvenil. Casos, assim, transgridem as regras sociais e os costumes, já que a criança ou o adolescente são transformados em vítimas, tendo seus direitos completamente violados (MILLER, 2008; BORGES; DELL' ÁGUO, 2008; ABRAPIA, 1997).
É possível afirmar que as crianças são extremamente dependentes dos adultos e, quase sempre confiam naqueles que moram no seu lar. Envolvem-se com os familiares e têm grandes dificuldades de driblar situações que lhes causam desconforto, desprazer ou dor, ainda mais quando tais situações resultam na gratificação e no prazer do adulto. Agravando ainda mais esse quadro, o agressor utiliza-se de estratégias para que a criança não consiga distinguir que algo de errado está acontecendo. Comumente, diz constantemente que a ama e procura adular a vítima, seduzindo-a e envolvendo-a cada vez mais no seu ritual.
Esse ritual envolvente, às vezes uma brincadeira que vai se transformando, aos poucos, em uma armadilha, onde o abusador tem sempre todo o controle da situação, o que provoca, no outro, uma relação de alienação e de responsabilização pelo que está acontecendo. Logo, a vítima é sempre vista pelo agressor como a responsável pelo seu "comportamento inadequado". Todavia, o agressor, de certa forma, sabe que o abuso é errado e que constitui crime, sabe que é prejudicial à criança.
Apesar disso, o abuso acontece; o abuso sexual, como outras adições, não cria primariamente uma experiência prazerosa, mas serve para o alívio de tensão; o processo é conduzido pela compulsão à repetição, os sentimentos de culpa e o reconhecimento de estar prejudicando a criança podem levar a tentativas de parar o abuso (SCHMICKLER, 2006, p.135).
Sendo assim, é possível afirmar que o ato de abusar é como um impulso fora do controle, onde os gestos, sorrisos e comportamentos da vítima são interpretados pelo agressor como um convite sexual e sensual. Para tanto, sem uma terapia específica, é remota a recuperação do abusador.
É pertinente, todavia, aqui, fazer uma diferenciação dos tipos de abusadores. Para Vaz, (2010) existem os abusadores circunstanciais que só têm atitudes abusivas de acordo com as circunstâncias. Utilizam-se destas práticas quando se sentem menosprezados, ou seja, encontram­se desempregados, alcoolizados, com baixa auto-estima. Este abuso pauta-se, especialmente, nas questões relativas à desigualdade de gênero, que sem sombra de dúvidas, respalda-se em valores culturais e históricos específicos.
Outra classificação de abusadores são os pedófilos, os quais buscam se relacionar sexualmente com crianças, independente do sexo a que pertençam. A pedofilia, segundo Vaz (2010), deveria ser encarada como uma doença, contudo, a organização mundial de saúde não a considera como uma patologia.
A ciência não descobriu uma causa concreta para este tipo de abuso, porém, pesquisas indicam que os pedófilos são pessoas que provavelmente sofreram algum tipo de estímulo na fase da primeira infância. Não há cura para esse tipo de desvio da conduta sexual, que diferentemente do que muitos pensam nada tem a ver com homossexualidade.

O pedófilo encontra prazer em manter atos de caráter libidinosos com crianças e adolescentes, até mesmo com bebês. São pessoas que buscam profissões acima de qualquer suspeita, tendo, geralmente, uma família constituída bastante "exemplar". Este tipo de agressor pode ser comparado a um "serial killer", já que sabe que existem leis que condenam a sua conduta, mas busca sempre criar uma exceção a esta norma. Desenvolve, assim, caminhos que negam a lei, procurando explicá-la de acordo com seu entendimento.
O mais interessante de tudo é que em suas ações perversas estes abusadores, quase sempre, deixam pistas, a fim de ser descobertos. Isto é feito como uma forma de acabar com seu sofrimento. Pessoas com este tipo de conduta necessitam ser tratadas por psiquiatras e sempre ter acompanhamento psicológico, mas só conseguem evitar suas condutas por meio da abstinência sexual (VAZ, 2010).

Conclusão

A denúncia é a principal forma de prevenir a violação de direitos. Para tanto, é preciso saber que qualquer tipo de violência contra criança ou adolescente é crime punido com detenção. A prevenção da violência é dever de todos, logo, sempre que houver suspeita ou se souber que uma pessoa está sendo vítima de violência é indispensável fazer uma denúncia de forma anônima ou identificada às autoridades e/ou serviços que recebem este tipo de denúncias e se responsabilizem por notificá-las aos órgãos competentes A partir da realização da denúncia inicia­se um processo de verificação da violência, por meio de visitas domiciliares, entrevistas, encaminhamentos, exame de corpo de delito e médico, etc, tendo o objetivo primordial de proteger a vítima de violência e responsabilizar, com as medidas necessárias, o autor da violência.

Referências Bibliográficas

AMAZARRA Y, M.; KOLLER, S. Alguns aspectos observados no desenvolvimento de crianças vítimas de abuso sexual. Psicologia Reflexão e crítica, 11(3), 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA MULTI-PROFISSIONAL DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (ABRAPIA). Abuso Sexual: mitos e realidades. 33 Ed. Editora: Autores & Agentes & Associados, 2002.

BORGES, J.; DELL' AGLIO, D. Relações entre abuso sexual na infância, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e prejuízos cognitivos. Pesquisa em estudo, Maringá, 13(2), 371-379, 2008.

SCHMICKLER, Catarina Maria. O Protagonista do Abuso Sexual- sua lógica e estratégias. Chapecó: Argos, 2006.

VAZ, Marlene. Um novo paradigma da violência sexual. Bahia: Faculdade de Medicina, 2007.

O MITO da DEMOCRACIA RACIAL

O Mito da Democracia Racial

A partir dos dados da sociedade, pode-se afirmar que é romântica a concepção de que vivemos numa nação livre de preconceito racial, que deve muito ao antropólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987). Em Casa Grande e Senzala (1933), Freyre defendeu a tese de um antagonismo camarada e harmonioso entre as três principais etnias que constituíram o povo brasileiro: os colonizadores portugueses, os escravos africanos e os nativos indígenas.
Mas a história dos 350 anos de escravidão registra revoltas e conflitos, como foi a própria constituição do Quilombo dos Palmares (século XVII), na região do atual estado de Alagoas, por escravos foragidos e seu extermínio por armas. Calcula-se que, do século XVI ao XIX, tenham sido trazidos da África para as Américas 10 milhões de africanos escravizados, dos quais 4 milhões para o Brasil.
Pressionado pela Inglaterra, que impulsionava a Revolução Industrial e o capitalismo com mão de obra assalariada, o Brasil proibiu o tráfico negreiro em 1850. Em 1871, a Coroa assinou a Lei do Ventre Livre. A partir de então, todo filho de escravo nascido no Brasil ou permaneceria com o proprietário de seus pais até os 21 anos, trabalhando como homem livre, ou seria entregue ao governo.
Na prática, a lei nada avançou, pois dos presumíveis 400 mil negros nascidos após a promulgação da lei, apenas 118 foram entregues ao governo. Assim, na prática, aqueles que nasciam livres permaneciam escravos nas fazendas onde haviam nascido.
A Lei do Ventre Livre foi ignorada pela justiça brasileira da época, e o movimento abolicionista só começou a ganhar força em 1880. Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi sancionada pela princesa Isabel, que ocupava o trono como regente. Quando a escravidão foi abolida, parte dos escravos já havia conseguido alforria ou fugido das fazendas. Os que foram libertos não tinham estudo nem receberam indenização.
Estima-se que, por ocasião da abolição, em 1888, dos 800 mil escravos libertados menos de 1% era alfabetizado. O refúgio nas zonas rurais foi um dos caminhos encontrados. A Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, registra a existência no país de 1.342 comunidades quilombolas, a maior parte no Nordeste, principalmente na Bahia e no Maranhão.
Mais de um século depois da abolição, o Brasil ainda possui desigualdade em diferentes aspectos sociais, educacionais e de emprego e renda ligados a questões raciais e de sua formação populacional.




2012 – Fonte: Atualidades Vestibular

DESIGUALDADE RACIAL

Desigualdade racial

CONCEITO

O IBGE apura a cor auto-declarada pelas pessoas no Censo: branca, preta, parda, amarela e indígena. A consolidação dos dados, para efeito de estudo e formulação das políticas públicas, considera negros a soma dos que se declararam da cor preta ou parda. Nesse sentido, os negros são hoje a maioria da população brasileira, 51%.

DESIGUALDADE

Mesmo sendo maioria dos brasileiros, os negros enfrentam maiores dificuldades socioeconômicas, como acesso ao emprego, menor escolaridade e renda, menor esperança de vida, maior incidência de gravidez precoce e de morte violenta, comparando com a população branca.

ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

Aprovado no Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Lula, entrou em vigor em outubro de 2010. Prevê mecanismos de inserção social. Para que o texto final fosse aprovado, foram retirados pontos considerados polêmicos, como as políticas de cotas de acesso em universidades públicas para afro-descendentes. Essa última questão tramita, desde 2008, no Supremo Tribunal Federal, numa ação que questiona a constitucionalidade da reserva de vagas.

AÇÕES AFIRMATIVAS

São políticas públicas e medidas emergenciais que pretendem eliminar ou diminuir as desigualdades para grupos da sociedade, para alcançar igualdade em oportunidades sociais, econômicas, educacionais e culturais. As políticas de reserva de cotas são ações afirmativas.

DESIGUALDADES HISTÓRICAS

Até a proibição do tráfico de escravos, em 1850, estima-se que o Brasil tenha recebido 4 milhões de negros 40% de todo o contingente trazido da África para as Américas. A abolição da escravatura não foi acompanhada de políticas públicas de indenização, inserção social ou reparação, e os ex-escravos permaneceram pobres. Desde então, os negros têm menos oportunidades e sofrem com a marginalização.




Fonte: 2012 ATUALIDADES VESTIBULAR + ENEM

A Arrogância da Inexperiência

A Arrogância da Inexperiência
Rodolfo Pamplona Filho

Nunca diga que,
desse prato, não comerei,
pois você pode não ter vivido
o suficiente para saber
os motivos que levam alguém
a fazer algo que
nunca se esperava dele ...

Não julgue o comportamento alheio,
com os parâmetros inflexíveis
de uma conduta idealizada,
pois a barema utilizada
pode lhe ser exigida,
não somente como medida
de justiça e coerência
mas também como o preço
que se exige como resposta
de toda aquela consciência
que exigiu demais dos outros (e de si) ....

Aprenda a engolir o orgulho
de não ter feito nada na vida,
bem como a prepotência
do sentimento de auto-suficiência
que a juventude, aliada à inexperiência,
parece impor a uma nova geração,
que não tem problema de falta,
mas, sim, de excesso de informação
e, para quem, é mais fácil,
dizer que o outro é sem noção.

Tenha a hombridade de, um dia,
reconhecer a terrível arrogância
que a inexperiência pode gerar,
não como natural mecanismo
de defesa perante o desconhecido,
mas como uma injustificável rebeldia
contra todos que, um dia,
puderam lhe dar guarida
ou estender uma mão amiga.

Faça antes de reclamar ...
Viva antes de criticar ...
Cresça antes de aparecer ...
E descubra que o mundo
é muito maior do que seu ser ...

Fonte: http://sn110w.sntl10.mail.live.com/mail/PrintMessages

Onde as Minorias não têm vez

Onde as Minorias não têm vez
Intolerância – O preconceito é uma interpretação coletiva e duradoura
Por Dulce Critelli, doutora em psicologia da educação, professora do departamento de filosofia da PUC-SP e terapeuta existencial

De tempos em tempos a mídia noticia uma série de atos decorrentes de preconceito. Melhor, de violência provocada pelo preconceito. Há alguns anos foram os crimes contra indígenas e indigentes moradores de rua, incendiados por jovens bem-nascidos. Depois, estupro de moças e mulheres da classe C também por jovens pertencentes a classes sociais abastadas. Há cerca de um ano e meio, foi o caso de Geisy Arruda, a aluna da Uniban agredida em razão da forma de se vestir. Mais recentemente, soubemos dos jovens que, um rodeio, pulavam sobre moças gordas como se essas fossem gado.
Publicados pelo jornal O Estado de S. Paulo, há relatos sobre discriminação raivosa contra alunos que ingressaram na universidade, ou, por meio e bolsas destinadas a estudantes de baixa renda, ou ainda, pelo programa de cotas raciais, o ProUni. Esses estudantes são alvos de exclusão, desprezo, ofensas pessoais e agressões verbais dirigidas à sua cor, aparência, roupas, à expressão de suas idéias, seu tipo de cabelo e, inclusive, são acusados de trazerem para a instituição um rebaixamento da qualidade de ensino.
Os casos mais recorrentes e divulgados atualmente são os ataques a homossexuais. As tevês e os jornais mostraram, diversas vezes, rapazes agredindo com uma lâmpada fluorescente um jovem, na Avenida Paulista, pelo simples fato de ele ser gay. A ONG Safernet tem dados que acusam um aumento de denúncias homofóbicas na internet, na proporção de e 2009 para 2010, enquanto as denúncias de racismo, no mesmo período, caíram 57% e as de neonazismo 65%.
O Estadão informa que entre os sites de relacionamento nas redes sociais há aqueles criados especialmente com conteúdo homofóbico, nos quais não apenas se expressa o preconceito, mas se discute onde e como matar homossexuais.
O Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia da Prefeitura de São Paulo elaborou um mapa de lugares de agressões, indicando que 50% dessas ocorrem no centro expandido de São Paulo, que inclui a região da Paulista. Informa, também, e isso é preocupante, que boa parte dos agressores conhece sua vítima: 16% são da própria família e 38% são conhecidos, vizinhos, colegas de trabalho.

CONSTRUÇÕES SOCIAIS

Politicamente incorretos e indesejados, preconceitos são inevitáveis. Eles derivam do fato de que os seres humanos existem construindo interpretações sobre as mais variadas situações e pessoas e, para tanto, se apoiam em seus costumes e crenças. Daí, o que contraria e se diferencia de tais crenças, num primeiro impulso é contestado e recusado.
Essas interpretações, no entanto, não são propriamente preconceitos.
Para se transformarem em um preconceito, as interpretações carecem de ser aceitas por uma comunidade e permanecer em seu seio por um tempo suficiente para ser imediata e irrefletidamente reconhecidas como verdades incontestáveis. O preconceito é uma interpretação coletiva e duradoura.
A força de um preconceito reside justamente no fato de ser mantido, em conjunto, por uma comunidade. Um preconceito depende de que várias pessoas acreditem nele a ponto de serem mobilizadas por ele. Desse modo, costumam se instaurar como índices da cultura de uma comunidade política (meu bisavô, português, não queria o casamento de sua filha com meu avô por ele ser italiano, a ponto de trancá-la em casa para impedir o namoro. Fracassadas todas as investidas, não compareceu ao casamento deles e sumiu por uma semana).

O que mais assusta e inquieta no preconceito é que ele mobiliza vigorosamente as pessoas promovendo, invariavelmente, alguma forma de agressão. Quando movidas pelo preconceito, as pessoas
e as comunidades são, normalmente, raivosas e intolerantes. A intolerância religiosa é um exemplo bem conhecido dos nossos tempos, assim como a intolerância ideológica e a racial. E bem conhecidos são as destruições, o terror e a cadeia ofensiva que desencadeiam.

EXTERMÍNIO NATURAL

O que tem provocado perplexidade, hoje, é que os ataques preconceituosos têm sido acompanhados por uma espécie de desfaçatez. Os agressores agem como se a violência praticada fosse uma reação natural e justificada intrinsecamente à sua crença.
Penso que o cinismo da violência preconceituosa é herança dos movimentos e governos totalitários que eclodiram no século xx. O nazismo na Alemanha, o stalinismo na Rússia, o comunismo na China viam o extermínio como o mais natural recurso ­ fosse dos inimigos do regime, fosse dos indivíduos e/ou "raças impuras", fosse das "classes agonizantes".
Entendiam que nas leis ou da Natureza, ou nas leis da História, estavam inscritos, para um futuro distante, uma raça humana perfeita (a ariana), tanto quanto uma sociedade sem classes. Também o conhecimento dessas leis mostrava que nesse destino último, as pessoas doentes física e psiquicamente, as raças impuras como a dos judeus - no caso do nazismo -, e as classes abastadas, imperialistas - no caso do comunismo -, desapareceriam.
Indivíduos, raças e classes que não existiriam no futuro, comprovavam que elas já não deveriam ter existido no passado, nem seriam aceitas no presente. A previsão da sua futura extinção não só justificava, mas exigia que medidas que visassem sua eliminação fossem tomadas. Portanto, o extermínio nem sequer
era visto como um mal necessário, porque ditado pelas leis ou da Natureza, ou da História, transcendentes à vontade dos homens, era apenas o que era para ser. O fim justifica e exige os meios: o terror.
Tudo o que sempre esteve inscrito no coração do homem como o mal radical, isto é, agir contra seu irmão (lembre­se de Caim e Abel), por meio dos movimentos e governos totalitários desaparece. Com o extermínio admitido como gesto natural e corriqueiro, o mal deixa de ser entendido como mal. Portanto, a consciência moral submerge. A isso Hannah Arendt, pensadora contemporânea, chama de "banalização do mal".
Os totalitarismos nos legaram a destituição do mal e da consciência moral. A intolerância ativa é sua manifestação. Assim como desfaçatez, que tanto chama a atenção na violência cometida em nome do preconceito, na cânula da lâmpada fluorescente estilhaçando contra o jovem homossexual na Avenida Paulista.

Fonte: www.cartanaescola.com.br

PLURALIDADE CULTURAL

Pluralidade Cultural

• Questão para início de conversa

Os seres humanos são muito diferentes. Variam na cor da pele, na altura, na forma dos olhos, no cabelo, no sexo e em muitas outras características físicas. Nós diferimos também em nossas crenças religiosas, nossos valores, nossos modos de estabelecer os laços familiares, no modo como assumimos os papéis de homem e mulher e em tantos outros aspectos da organização da vida em sociedade. Também somos diversos nas características de nosso mundo subjetivo. Dentro de uma sociedade, ainda, o acesso às riquezas materiais e simbólicas resulta em diferentes possibilidades de organizar a vida. Isso sem falar naquelas diferenças que existem entre povos que vivem dentro de uma mesma nação e naquelas que existem entre nações.

Enfim, discutir o tema "pluralidade cultural" significa colocar em destaque uma questão bastante intrigante: por que nós, humanos, embora sejamos uma única espécie biológica, desenvolvemos modos de vida tão diferentes e conflitantes? Ao explorarmos algumas possibilidades de explicação, podemos pensar também nas formas de convívio com as diferenças humanas para o desenvolvimento de nosso modo de viver.

• As diferenças culturais

Nós não nascemos inteiramente prontos para viver. Ao contrário, precisamos de cuidados, orientação e ensinamentos; ou seja, só nos tornamos de fato humanos na medida em que convivemos e aprendemos com outras pessoas em uma dada cultura. Por meio desse aprendizado na vida social formamos nossa personalidade e elaboramos nossos planos de vida, nossos sentimentos e desejos. Nossa vida só pode acontecer verdadeiramente se participarmos de um mundo cultural, se partilharmos um conjunto de referências sociais.

Todas as culturas humanas criaram modos de viver coletivamente, de organizar sua vida política, de se relacionar com o meio ambiente, de trabalhar, distribuir e trocar as riquezas que produzem. Mais ainda, todos os povos desenvolveram linguagens, manifestações artísticas e religiosas, mitologias, valores morais, vestuários e moradias.

Assim, a pluralidade cultural indica, antes de tudo, um acúmulo de experiências humanas que é 'patrimônio de todos nós, pois pode enriquecer nossa vida ao nos ensinar diferentes maneiras de existir socialmente e de criar o futuro.

• Diferenças sociais, econômicas e políticas

Devemos reconhecer que a pluralidade cultural representa o acúmulo das experiências e das conquistas humanas. No entanto, nem todas as diferenças são positivas. Quando elas se transformam em desigualdades precisam ser encaradas criticamente.

Dentro das sociedades e entre povos há relações de desigualdade e dominação em que alguns grupos sociais acumulam bens materiais, saberes, prestígio e poder ao mesmo tempo em que impedem o amplo acesso de outros grupos a essas riquezas.

A rigor, a desigualdade no acesso aos meios para organizar a própria vida compromete a plena existência da pluralidade cultural. Isso porque se alguns grupos em uma sociedade ou algumas culturas se afirmam em detrimento de outras, é sinal de que uma parcela dessa diversidade está sendo reprimida, constrangida ou até mesmo eliminada.
Nos noticiários e no estudo da história podemos ver inúmeros exemplos disso, como a destruição física e cultural de tantos povos indígenas que habitavam a costa brasileira antes da presença portuguesa, a violência que significa a escravidão ou as tantas formas de pobreza que convivem com a riqueza em nossas cidades.

Assim, a autêntica afirmação da pluralidade cultural é inseparável das lutas pela extensão dos direitos humanos a todos e pela construção de relações cidadãs e democráticas. Em nossos dias, a luta contra as desigualdades e pela afirmação de um convívio pacífico entre as culturas e grupos humanos tem se tornado um tema cada vez mais importante. Assim, em novembro de 2001, a Unesco, vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), aprovou a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, que no seu artigo 4° afirma:

"A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade humana. Ela implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e os dos povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos garantidos pelo direito internacional, nem para limitar seu alcance."

• Troca e preconceito

A importância de imperativos éticos válidos mundialmente e que assegurem o direito à manifestação da diversidade cultural fica ainda mais clara se levarmos em conta que nenhuma cultura humana se desenvolveu sem estabelecer relações de troca, aproximação e diferenciação com seus vizinhos. Muitas mudanças nos modos de viver de um grupo não ocorreram a partir de alguma necessidade do próprio grupo mas sim da necessidade de imitação ou de diferenciação em relação a outro grupo. Entretanto, além de proporcionar o intercâmbio de valores, línguas, conhecimentos, instrumentos e artes, esse convívio pode, muitas vezes, se manifestar de forma violenta, com uso de dominação e marcada por preconceitos.

Ao longo da história, diversas opiniões preconceituosas sobre traços físicos ou de comportamento foram criadas e reproduzidas. São comuns as manifestações preconceituosas sobre gênero, cor da pele, origem socioeconômica, orientação sexual, nacionalidade, etnia, língua, modo de falar, deficiências, religião.

Ouvimos com freqüência comentários preconceituosos como "os portugueses são burros e trabalhadores", "os japoneses são talentosos para as ciências exatas e não gostam de se misturar", "os judeus são avarentos", "os indígenas são selvagens" e tantos outros. As formas de discriminação e preconceito entre manifestações culturais são muitas, mas todas têm uma característica comum: o não-reconhecimento do outro como igualmente humano e com o direito de ser diferente. Com isso, as vítimas de preconceito ou discriminação sofrem limites severos para manifestar sua cultura, seu modo de pensar, seus sentimentos, desejos, projetos ou valores.

• Crescimento econômico e desenvolvimento humano

Uma das fontes de tratamento preconceituoso e discriminatório para outras culturas é a crença de que as sociedades que tiveram um maior desenvolvimento técnico e econômico são superiores às outras. Essa crença se baseia na idéia de que o progresso tecnológico e o crescimento econômico são sinônimos de desenvolvimento civilizatório e um salto evolutivo da humanidade.

O aprimoramento das técnicas e das relações econômicas aumentou sem dúvida a nossa capacidade de ação sobre a natureza. Há que se questionar, no entanto, se esse desenvolvimento representa, por si só, um avanço qualitativo da vida humana.

Salta aos olhos a evidente contradição entre as enormes possibilidades de vida geradas pelo progresso tecnológico e econômico e a miséria em que vive parte expressiva da humanidade. Ao longo da história ocidental, embora a invenção de novas tecnologias respondesse às necessidades humanas que surgiam, ela tem sido associada prioritariamente ao aumento da eficiência na produção de mercadorias.

Além disso, o desenvolvimento tecnológico e econômico que se verifica em alguns países capitalistas responde apenas à parte das necessidades humanas. Se considerarmos critérios diferentes, observamos que outros povos, em alguns campos, atingiram graus de desenvolvimento indiscutivelmente mais sofisticados do que as sociedades ocidentais. A Índia criou um sistema religioso e filosófico bastante eficiente para reduzir as conseqüências do desequilibrio demográfico. As civilizações do Oriente e do Extremo-Oriente desenvolveram conhecimentos extremamente complexos sobre o corpo humano. Os povos indígenas do Brasil Central e da Amazônia detêm conhecimentos valiosos sobre a floresta e seus mistérios.

Há muitos outros exemplos que poderiam ser citados e todos eles revelam que a técnica e a economia desvinculadas de políticas de distribuição de renda e de ideais humanitários - referente à dignidade, ao ambiente, à diversidade, aos direitos dos cidadãos, entre outros, não atendem plenamente às necessidades dos seres humanos. Portanto, a afirmação da pluralidade cultural nos leva à constatação de que não há um único modo de organizar a existência nem de fazer a história.

Ao contrário, na vida de cada grupo cultural há um conjunto imenso de possibilidades. E o reconhecimento dessa diversidade traria muito mais riqueza a todos. Mais ainda, a afirmação da pluralidade cultural nos permite assumir a tese de que o aprimoramento das relações econômicas e o avanço das tecnologias fazem sentido se partirem das necessidades de desenvolvimento humano, ou seja, se tiverem como objetivo a ampliação das possibilidades de um povo buscar a realização dos objetivos que valoriza.

Assim, o convívio com o outro, o diferente, pode enriquecer e desenvolver nossa condição humana. O antropólogo Claude l.évi-Strauss usa uma imagem bastante clara para defender essa idéia. Segundo ele, o desenvolvimento das formas de vida humana pode ser comparado a um jogo de cartas no qual cada carta representa uma conquista cultural. Assim, cada jogador - ou cultura - só consegue fazer pequenas seqüências; Entretanto, se houver o intercâmbio entre as séries construídas pelos jogadores, a seqüência resultante torna-se muito maior e mais rica, tanto em conquistas quanto em novas possibilidades.

Dessa forma, a garantia em escala local e mundial de condições econômicas, sociais e políticas para os diferentes grupos culturais organizarem sua própria vida e se desenvolverem significa, acima de tudo, preservar o enorme acervo vivo dos modos de viver que a humanidade criou. Trata-se de um acervo que representa não só um acúmulo de conquistas já realizadas, mas também um enorme conjunto de possibilidades de reinventar essas conquistas e construir o futuro.

• Tolerância e convívio da pluralidade cultural

O debate sobre esse tema tem se tornado bastante intenso nesse início de século, que expande o circuito de relações dos povos e nações por todo o globo e ao mesmo tempo reafirma as identidades dos grupos específicos.

Assim, a pluralidade cultural é também um foco constante de conflitos, pois traz consigo concepções que questionam profundamente nossas crenças e valores.

Por esse motivo, a realização das possibilidades de desenvolvimento humano depende do enfrentamento de um desafio: como reconhecer o direito à diversidade quando há discordância de condutas e pensamentos? Para dar conta disso, tem havido um esforço grande para se desenvolver uma ética universal que afirme valores morais para a regulação do comportamento entre os diversos grupos culturais e as pessoas que manifestam essas diferenças. Um exemplo desse debate é o relatório da Unesco "Nossa diversidade criadora", coordenado por Javier Pérez de Cuéllar.

A idéia da tolerância está no centro desse debate. Entretanto, é preciso esclarecer dois usos diferentes para essa palavra. É comum a palavra tolerância ser usada para expressar uma relação na qual uma pessoa suporta outra como quem agüenta uma carga que a oprime e a constrange. Nesse sentido, a pessoa que suporta o outro está em condição de desvantagem, pois aquele que é suportado está manifestando seu modo de ser - e o seu poder - oprimindo a manifestação da vida de quem está agüentando. Trata-se, portanto, de uma relação em que um afirma a sua liberdade negando a liberdade do outro.

Para expressar uma ética universal que respeita e afirma a plural idade cultural, a tolerância tem sido definida com um sentido bastante diferente. Há tolerância efetivamente quando o convívio com o outro está baseado na manifestação livre e sem constrangimentos tanto de nossas particularidades quanto das particularidades do outro. Trata-se, portanto, de um encontro de liberdades que se afirmam sem se negar.

A tolerância só pode existir quando há o dissentimento e a discórdia. Se não há conflito, ela deixa de ser necessária. O que a torna valiosa é justamente a possibilidade de criar uma relação entre homens que se reconhecem como iguais mesmo que tenham discordâncias e vivam de modos diferentes.

Assim, a tolerância pressupõe reciprocidade de direitos. Isso implica reconhecer que não se deve tolerar simplesmente para ser tolerante. A tolerância não serve de justificativa para si mesma. Ao contrário, o que lhe confere importância e determina sua razão de ser são valores irrenunciáveis com os quais ela se relaciona. Assim, justifica-se ser tolerante quando se criam relações pautadas no respeito à liberdade e à autonomia nossa e do outro, na convivência fraterna e solidária, e na democracia como modo de relação entre as pessoas e os grupos.

Portanto, não se deve aceitar a intolerância, a discriminação, a violência, as perseguições religiosas, étnicas e raciais, os comportamentos e as idéias que negam o respeito à liberdade e à autonomia dos outros, que impedem um convívio fraterno e solidário e que obstruem a construção de relações democráticas.

A tolerância efetiva permite ao outro manifestar suas diferenças, mesmo que elas afetem nossas convicções. Ao mesmo tempo, nos possibilita manifestar nossas particularidades que podem parecer estranhas para alguém. Certamente, não é um exercício fácil. Mas ele garante um convívio respeitoso, fraterno e democrático no qual a plural idade cultural pode se afirmar com toda sua possibilidade de nos ensinar outros pontos de vista e de enriquecer nossas formas de vida.

DESENVOLVIMENTO da CIDADANIA MODERNA

Desenvolvimento da cidadania moderna

Objetivo

Introduzir o tema da cidadania moderna, tratando de seus aspectos teóricos e históricos.

Estratégias pedagógicas

Prática de leitura e interpretação crítica de textos, debates a partir de exposição oral, pesquisa histórica e apresentação de trabalho.

Aulas 1 e 2

Aula expositiva com ênfase na discussão da mutabilidade dos direitos de cidadania no decorrer de períodos históricos específicos, com o objetivo de diferenciar a cidadania moderna das formas de cidadania pré-modernas:

1) Para melhor entendimento do tema, o professor deve distinguir as formas pré -modernas de cidadania (períodos da Antiguidade Clássica e da Idade Média) e privilegiar o desenvolvimento da cidadania moderna.

2) A cidadania envolve um conjunto de direitos e deveres. Porém, em cada um dos períodos históricos mencionados acima, a cidadania assumiu uma configuração específica. Ou seja, os direitos e deveres eram distintos em cada época, como também eram distintos os indivíduos (ou parcelas da população) que detinham o status de cidadão.

3) Na Grécia Antiga, somente os homens adultos que detinham posses (basicamente, terras e escravos) eram considerados cidadãos com direito de participação nos assuntos políticos da comunidade (as mulheres e crianças estavam excluídas desse direito). Nesse caso, havia chances de se alterar o status social, à medida que os homens adultos conseguissem adquirir terras ou escravos.

4) No período medieval, a cidadania se adapta à ordem social baseada em direitos e deveres assegurados por preceitos e costumes tradicionais. A comunidade é altamente hierarquizada e se divide em súditos e governantes cujo poder é hereditário. Por conseguinte, a ordem social é quase imutável, pois há pouquíssimas possibilidades de alterações nos padrões de status social.

Aula 3

Aula expositiva, na qual o professor tratará das características da cidadania moderna:

1) A cidadania moderna surge a partir da ruptura da ordem social medieval, que tem início com as revoluções burguesas na Europa ocidental.

2) No período da grande transformação, a ordem social estamental altamente hierarquizada cede lugar, gradualmente, às distinções sociais com base nas diferenças de classe. Por meio de um lento processo, direitos e deveres individuais começam a surgir e, pouco a pouco, as distinções sociais com base

3) Três conjuntos de direitos passam a compor a cidadania moderna: os civis, os políticos e os sociais. Embora estejam inter-relacionados, esses direitos evoluíram distintamente. Se tomarmos por base o desenvolvimento da cidadania em países como Inglaterra, França, e Estados Unidos, os direitos civis surgiram primeiro, depois vieram os direitos políticos e, por último, os direitos sociais:

a) os direitos civis são uma conquista do século 18 e estão relacionados às liberdades individuais: liberdade de palavra, liberdade de pensamento e de fé, direito à propriedade e direito à justiça. Os tribunais são as instituições responsáveis pela salvaguarda dos direitos civis;

b) os direitos políticos são uma conquista do século 19 e asseguram a participação nos assuntos políticos da comunidade por meio do voto e o direito de se candidatar a cargos públicos. As assembléias legislativas locais e nacionais são as instituições mais importantes para o exercício dos direitos políticos;

c) os direitos sociais surgem com mais força no século 20 e estão relacionados à conquista de condições dignas de vida para os segmentos sociais e parcelas da população assalariada ou pobre. Os direitos sociais incorporam direitos trabalhistas, aposentadoria, garantias de acesso à educação e à saúde pública. As instituições mais importantes são estatais, tais como a previdência, escolas e hospitais públicos.

Aulas 4 e 5

Planejamento prévio do trabalho em grupo:

1) Dividir a sala em quatro grupos de alunos. Três grupos tratam de um conjunto de direitos referentes à cidadania moderna. Fica a critério do professor ou dos alunos a escolha das fontes bibliográficas para pesquisa.

2) O quarto grupo fará uma pesquisa específica, sobre a evolução da cidadania no Brasil. Distintamente dos casos europeu e americano, os direitos de cidadania no Brasil seguiram um padrão de desenvolvimento histórico bastante característico.

Aula 6

Trabalho em grupo sobre cidadania contemporânea:

1) Agora vamos problematizar o surgimento dos novos direitos, que passaram a compor a cidadania do fim do século 20: direitos da criança e do adolescente, direitos dos idosos e de gênero (mulheres e homossexuais).

2) Dividir a sala em grupos de alunos e encarregar cada um deles de fazer uma pesquisa sobre os novos direitos mencionados acima. Um método bastante didático é o de solicitar aos grupos que pesquisem as leis e os estatutos brasileiros que asseguram tais direitos. Seria interessante também solicitar que comparem o Brasil a outros países.

3) Outro exercício interessante é solicitar aos alunos que façam uma pesquisa social, a partir de entrevistas dirigidas à população. O professor deve se encarregar da elaboração de um breve questionário, direcionado à obtenção de informações relacionadas ao grau de informação (conscientização) que os entrevistados têm a respeito dos direitos de cidadania, das leis e dos estatutos que garantem proteção especial, por exemplo, a idosos e crianças.

Aula 7

Apresentação dos trabalhos.


Fontes bibliográficas

Os textos Democracia - as formas que esse sistema tomou ao longo da história,

Os direitos civis e as revoluções do século 18 e Cidadania e direitos políticos

E os livros: Construção nacional e cidadania, de Reinhard Bendix, Edusp, 1996 (somente páginas 69 a 135); e Cidadania, classe social e status, de T. H. Marshal, Editora Zahar, 1967 (somente páginas 57 a 107).

BRASIL- A representação do negro na televisão

Brasil – A representação do negro na televisão

• O Brasil é famoso por sua diversidade, inclusive racial. Essa diversidade tem vez na televisão?

Esta diversidade não é representada na televisão porque ainda se valoriza na TV, como em várias esferas da sociedade brasileira, a matriz européia de pensamento e comportamento. Negros e indígenas não são representados de maneira digna na TV: ou são representados de maneira estereotipada ou não aparecem. Na verdade, o Brasil tem como uma de suas principais características a sua diversidade cultural e as diversas contribuições dos povos, mas a TV não representa estes grupos. Isso parte da ideologia que fez com que políticas públicas do Estado brasileiro e toda concepção dentro da escola, das universidades e nos meios de
comunicação valorizassem e privilegiassem esta matriz européia. É a matriz do colonizador. E o Brasil é quem perde com esta história toda porque não se conhece. Ao valorizar apenas uma vertente étnica e racial nos meios de comunicação e nas outras esferas da vida, perde a chance de entender as outras contribuições traz idas pelos africanos e daqueles que já estavam aqui, como os indígenas. Isso é grave porque causa uma falsa imagem do país. O professor Hélio Santos (economista da USP) sempre diz que a TV da Dinamarca e da Europa em geral têm mais negros que a do Brasil. Nosso país não pratica a diversidade, e as instituições, como a escola, a igreja ou os meios de comunicação, cometem este racismo institucionalizado por privilegiar um determinado tipo étnico e um padrão de beleza, de comportamento, de vida.

• O racismo que ainda existe no Brasil tem sua face televisiva?

Pra fazer uma reflexão, vamos lembrar quem era Mussum? Um homem negro ébrio, estereótipo do negro maltrapilho, vagabundo, sem perspectiva. Em vários momentos da teledramaturgia e em outras produções da TV brasileira, há uma carga muito grande de estereótipos e preconceitos. Há uma ação deliberada para, além de sub-representar, colocar os negros e negras em patamar de desigualdade, de inferioridade. E isso é prejudicial para quem assiste. Para o jovem negro ou para a criança que está formando sua identidade isso é
extremamente nocivo, pois exerce forte influência na forma de viver e ver o mundo. Por isso, se não atacarmos o racismo nesta esfera da produção, ele vai continuar sendo reproduzido em larga escala. É desproporcional termos tantas organizações e pessoas que falam em desigualdade racial pelo país e a TV reafirmar valores racistas.

• Que soluções você aponta para a invisibilidade, a distorção, o espelho infiel que é a mídia para esta população?

Para além da discussão sobre a cultura negra, é importante que haja negros falando disso te de outros temas, que sejamos fontes, repórteres, apresentadores. Mesmo que estejamos falando sobre física quântica, é importante que haja um negro lá, exercendo seu direito à comunicação. São duas vertentes de solução. A primeira é a construção de veículos de comunicação feitos por negros, por afro-descendentes, que exista uma mídia negra efetivamente no Brasil. Esta mídia vai ter nosso ponto de vista sobre temas nacionais, não só falar sobre racismo ou cultura negra. Será o nosso ponto de vista sobre educação, saúde, desenvolvimento. E a imprensa negra já aconteceu no Brasil. Havia jornais feitos por afro-brasileiros que denunciavam o racismo, mas também pautavam a sociedade brasileira. O segundo ponto é o da representação nos veículos tradicionais. É necessário termos negros nos veículos de comunicação tradicionais e grandes, porque a comunicação que chega a todas as pessoas é fundamental e é central mudá-la a partir de suas estruturas. E isso tudo deve estar conectado com uma visão de futuro sobre convergência digital e novas ferramentas de comunicação. Na ocupação destes novos espaços, devem ser priorizados os grupos historicamente excluídos, como negros e índios.

• Há indícios de que estamos mudando para melhor? É possível citar exemplos positivos?

A publicidade, aqui na Bahia, por exemplo, mudou em relação à inserção dos negros. Isso não acontece por benevolência, mas pelo aspecto econômico. Não dá pra vender um produto para classes C e D e não colocar um negro dando um depoimento, por exemplo. Isso tem mudado e a publicidade já reflete mais a população negra, assim como alguns programas de televisão e filmes que já abordam a cultura negra. Na política em geral podemos ver algumas coisas avançando, como a criação da secretaria (Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial ­ SEPPIR), ações do MEC na implantação da Lei 10639 (que institui o ensino sistemático de história e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica). Estes avanços são prova de que o movimento negro conseguiu colocar uma agenda de reivindicações e de transformação. Mas isso não está refletido na mídia. Pelo contrário. Há, na mídia conservadora, um clima de fortalecimento do discurso contra as cotas, se articulando para deslegitimar as ações afirmativas. É natural, porque é uma disputa política colocada na sociedade brasileira hoje. Se houvesse uma proposta de ação afirmativa nos meios de comunicação, isso seria extremamente questionado e rechaçado pela elite. Essa elite, no geral, reconhece que existe racismo, mas não reconhece a necessidade de medidas para solucionar este problema .

• Como a comunicação pode ajudar a superar a nossa história racista?

A comunicação é estratégica para o avanço da nossa luta, da luta contra o racismo e o desenvolvimento da comunidade negra em todo mundo. Pensando globalmente, na África, no Caribe, em países onde há negros, a comunicação possibilita que grupos historicamente sem representação tenham voz. Sem a apropriação dos meios não conseguiremos pautar nossa luta, nossos discursos. A comunicação no país foi sempre uma comunicação em que poucos falam e muitos ouvem. Precisamos construir no Brasil uma outra comunicação, em que muitos falem e muitos ouçam. É impossível democratizar a comunicação e fazer valer o direito à comunicação sem discutir a representação dos povos historicamente excluídos neste ambiente. Neste sentido, a comunicação é a possibilidade de ampliação de horizontes, a conexão com outras comunidades, a articulação e a ampliação de visão de mundo. E as tecnologias são elementos Importantes nesta luta. A inclusão digital, por exemplo, é uma necessidade para o Brasil, mas o quadro de exclusão, que é complicado para todos, é ainda pior para os negros.

• Os recentes debates sobre a TV pública deveriam, já na sua concepção, fazer esta discussão? Qual o risco que corremos se não a fizermos?

O debate sobre a TV pública está colocado na agenda nacional e é de extrema relevância. Discutir TV pública é discutir uma comunicação que possa dar voz à sociedade de fato, que não seja uma comunicação apenas comercial ou estatal. Este é um elemento fundamental para a democracia. Para discutir TV pública na nossa realidade política, é necessário discutir a presença dos negros nesta TV. Uma pesquisa recente feita pela Fundação Pai mares mostra que hoje apenas 0,9% do conteúdo das televisões do campo público (TVE, Cultura e Radiobrás) aborda a cultura negra. Então, o espaço da TV pública deve necessariamente buscar acabar com a hegemonia dos grandes meios de comunicação e refletir a diversidade que temos. É inaceitável que uma TV pública, que se propõe a dar voz aos diversos segmentos da sociedade, apresente um quadro como o que vemos hoje. Para isso, é fundamental que haja articulação entre sociedade civil e movimentos para fazermos pressão pelo envolvimento de pessoas negras neste debate, inclusive para a contratação, e para que o conteúdo negro esteja representado nelas. Seria no mínimo contraditório se as TVs públicas e educativas não refletissem sobre este assunto.

Por que existe o Mendigo ?

POR QUE EXISTE O MENDIGO?

As grandes e médias cidades dos tempos de hoje (século XX), estão impregnadas de problemas os mais difíceis possíveis, dentre os quais podem se citar alguns de grande efeito dentro da economia, política e sociologia dos seres humanos, tais como: seqüestros, roubos e furtos, prostituição, homossexualismo, desemprego, menores de rua, desigualdades sociais, mendicância e alguns outros de complicada solução. Tais problemas têm preocupado as autoridades governamentais, especialmente os civis que se encontram prisioneiros sem praticar qualquer delito repugnável pelos códigos penais e pelo direito civil, que é quem regula e vigia aqueles que não estão de acordo com as normas constituídas pelos hábitos e costumes de uma sociedade, consciente de seus limites. Ao se fazer uma meditação sobre essas patologias, é que se pensou em detalhar um pouco mais a situação dos mendigos, que se avolumam nas cidades de grande porte, constituindo um problema de distribuição de renda aos trabalhadores, de desprezo aos carentes, e, até mesmo, de esconderijo aos marginais, que procuram essa farsa para seus crimes.
Ao iniciar os questionamentos sobre o que significa mendigo, pode-se enumerar uma lista muito grande de conceitos que caracterizam este termo, tais como: simplesmente pedinte, ou aquele que anda pelas ruas, sujos, com roupas rasgadas, e dormindo nas marquises das lojas sofisticadas, ou aquele que sai de porte em porta pedindo um pedaço de pão para saciar sua fome e de seus filhos e esposa. Mas, porque surge o mendigo? Será a preguiça como diz o bem empregado? Será.a fuga do campo, que não consegue colocação em um emprego digno, mesmo desqualificado? Será a distribuição de renda, que exclui do mercado de trabalho, aqueles de idade avançada? Ou será como dizem os reencarnacionistas a lei de causa e efeito em atuação? Essas e outras perguntas farão parte das inquietações que deixam os cientistas, sociólogos, economistas e religiosos estupefatos quanto a essa problemática, que deixa a sociedade apavorada, devido à insegurança que as famílias enfrentam nos dias de hoje, cujos exemplos e correições não têm dado conta de uma situação tão difícil que se vive na atualidade.
A princípio, o surgimento dos mendigos advém de coisas simples, isto é, pessoas pobres que não têm como se alimentar; não acham outro meio se não pedir um pouquinho ao vizinho ao lado, cuja sensibilidade do amigo ou conhecido não mediu distãncia, proporcionando condições para que aquele ser humano pudesse saciar a sua fome, ou procurar os meios de sobrevivência, isto é, uma atividade qualquer para executar. A questão da mendicância aparece com a divisão da sociedade entre pobres e ricos, cujo aumento desse diferencial, os pobres vão à miséria e os ricos mais ricos; aí, levanta-se o estigma entre o vestido, asseado e o que está sujo, mulambento e fedorento, que provoca a sensibilidade do sentimento, e a repulsa daquele que não quer sentir mal cheiro. Tudo isto a sociedade criou; como a lei de causa e efeito existe, a explicação dos reencarnacionistas é viável aos pensadores, certamente para quem já a sabe, pois quem se melou deve se limpar, pois quem contraiu qualquer maldade deve substituí-Ia com a prática do bem, caso contrário, os sofrimentos, um deles a mendicância, será o seu consolo real e triste.
O mendigo vive uma lida muito complicada, sai pela manhã, de casa em casa a pedir pão, roupa velha, comida em geral, um trocadinho, isto é, alguma moeda que vai servir para tomar uma bicada (uma dose de cachaça) na mercearia da esquina e de bicada em bicada, fica bêbado, aumentando ainda mais o estigma daqueles que detestam mendigos, com sofrimentos maiores para sua família que almeja sobreviver. Muitas e muitas vezes, o pedinte não chega em sua casa, ficando na sarjeta, bêbado pelas calçadas, cujos companheiros são os cachorros e seus colegas de infortúnio, como se observa nas ruas escuras e debaixo das pontes, que são os seus berços acolhedores de mais um dia de cachaça e de dores para seus filhos que vivem numa mesma situação vibratória. A família desesperada aloca o filho para o trabalho de baixa qualificação, porque não teve oportunidade de conseguir nível escolar suficiente a um bom trabalho, pois ao se cansar de ganhar pouco, trilha pelo mesmo caminho do pai, ou de um irmão que está no mesmo destino, que é assumir seu nível espiritual de materialidade, de alimentar seu ego com a sua brutalidade.
As origens desta situação, os cientistas dizem que é problema da distribuição de renda, os sociólogos retrucam insinuando que são desajustes sociais, os historiadores colocam que são as raízes do desenvolvimento, porém, os espiritualistas trabalham a idéia de que é resultado de causa e efeito, que todos estão envolvidos no processo evolutivo do homem, ao estar-se no lugar que merece, de acordo com seu nível espiritual. De acordo com o espiritismo tudo que acontece no mundo é uma construção de todos os seres pensantes daquele ambiente, e a distribuição de renda má ou boa não está fora deste raciocínio, pois o amanhã é uma construção de tudo o que se faz hoje, tendo em vista que a construção do mundo é feita pelas inteligências que lá existem. Quanto aos desajustes sociais, decorre justamente dos níveis diferenciados entre as pessoas, porque o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a ganância, e muitas outras formas de inferioridade, ou de maledicências que ainda estão bloqueando o uso da inteligência, que é a faculdade que melhor organiza o raciocínio, a razão, e dá lógica aos fatos que são as experiências da vida.
O mendigo está no ventre de uma nação que vive sob o crivo de uma economia, de uma política, de uma sociologia, de uma história, esquecendo que acima de tudo existe uma força maior que dá ordenação a tudo que existe, sem imposição e sem ditadura de quem quer que seja para que tudo dê certo, pela livre e espontânea vontade de quem almeja aprender, ou criar consciência de sua existência, ou de seu próprio eu, como espírito e como alma. Os erros que acontecem são naturais, devem retomar a participar em algum lugar, para caminhar bem no aprendizado de sua vereda que está a seguir, assim como todos que estão envolvidos nesta trajetória direta ou indiretamente, pois quem não quer aprender com amor, da dor não fugirá, não como repressão do Criação Maior, mas como auto-consciência. Por conseguinte, cada ser humano que nasce, vem com seu aprendizado, para construir uma nova vida como uma pessoa normal, cujo espírito necessita se auto-descobrir, pois isto é feito a cada momento, tanto os lados bons como os maus, especialmente este, tendo em vista que ao seu lado a energia deve ser compatível com o lado inferior de todos no planeta.
Enquanto existir todo tipo de inferioridade dentro da humanidade, os problemas sociais vão sempre estar presentes, com isto justificam-se os desajustes econômicos, as desigualdades sociais, as contendas políticas e os pequenos conflitos sociais como: a prostituição, o roubo, os assassinatos, a busca pela droga, os estupros, as guerras entre irmãos e todo tipo de picuinhas, próprio de quem não saiu ainda da animal idade. Esta é uma fase difícil, porque o entendimento de algo que seja transcendental, não há como perceber ainda, pela limitação de experiências e conhecimentos reais que não adentrarem com facilidade em uma mente que é resistente à própria evolução, por não ter como enxergar a força das palavras que pode direcionar melhor a sua maneira de ser, ainda diminuta. Assim, são todos aqueles que não têm condições de enxergar o seu verdadeiro caminho, ao considerar que a dureza do coração não aceita aquilo que não conhece, e nesta faixa de vibração e de vivência estão os mendigos, que não sabem seguir com a força de sua consciência, pois quase todos que vivem esta vida, cumprem forte expiação, que é dolorosa.
Normalmente atribui-se como uma das causas da mendicância a relação existente entre a cidade e o campo, dado que o homem do campo, ao se ver sem recursos financeiros, vai em busca de conseguir algum sustento para sua vida, isto é um trabalho na cidade, poder educar seus filhos, ter uma situação melhor e sair da pobreza que paira sobre as famílias que vivem abandonadas nas brenhas de um matagal imprestável. A bem da verdade, o que existe na mente destes irmãos é a inferioridade que se apresenta de uma outra forma, que vai proporcionar evasão a outros tipos de sofrimentos, advindo do orgulho, vaidade, inveja, e algumas outras que a ciência ainda não conseguiu detectar naqueles que desejam conhecer o luxo, a potentade, e algumas arrogâncias mais. Isto é um fato incontestável, somente como uma forma distante ou perto de indicar a ignorância em que vive o homem, que quer melhorar-se mesmo que passe por cima dos seus irmãos, que almeja trabalhar o perpassar da vida para o conhecimento da pureza maior que independe da materialidade, de tudo que existe no planeta, necessário, apenas para o evoluir de todos.
O mendigo já caracteriza a apresentação de sentimento, que faz aflorar a sensibilidade de estar no processo de transformação, isto significa dizer, transferir-se do estágio de animalidade para o hominal com raciocínio, na utilização da lógica, e com o poder de pensar, ou em outras palavras poder usar a inteligência, que é a faculdade própria do ser humano, de uma fase mais espiritualizada, isto é o ser pensante. O sentimentalismo é o ponto mais explorado por aqueles que tentam tirar proveito de alguma circunstância e nesta situação encontra-se o mendigo, que se apega da parte sensível de alguns homens, alicerçado no medo pregado pelos grupos religiosos, buscam explorar os que de boa fé se entregam à sensibilidade frágil, mascarando o próprio eu. Não se deve confundir sensibilidade com amor ao próximo, como obrigação de uns para com os outros, com fraternidade que todos devem estar imbuídos, com uma entrega descabida a quem pensa em obter ganhos do sentimentalismo de alguém que não controla suas emoções, cuja finalidade da vida é usar a razão, sem atropelar a grandeza de cada um.
Muitas vezes quando um mendigo faz parte de uma determinada família, existem várias hipóteses que devem ser consideradas, como por exemplo: pessoa que abusou com alguma riqueza que já possuiu para poder sensibilizar alguém da família que vive em prepotência, servir de exemplo para alguns irmãos próximos, irmão que vem provar que está acima de tudo isto que existe na terra, outras mais podem ser enumeradas. Inegavelmente, vai-se encontrar pessoas que se adaptam a todas essas hipóteses, ou em algumas outras que não foram ventiladas nesta citação, quase sempre inconsciente do por que está naquela situação de sofrimento e dor, no entanto, algumas sabem, mas somente seu consciente acusa, porque o mundo espiritual é quem lhe mostra esta realidade pura. Assim sendo, o número de revolta é grande, por olhar ao lado ver tanta riqueza, tanta abundância nas mãos de poucos e ao lado algumas famílias que jazem na fome, no frio, a mercê das intempéries do tempo, como prova de que cabe a cada um a construção de um amanhã cheio de felicidade, cujos mendigos suportarem com paciência e crescerem mais rápido.
A sobrevivência do mendigo é muito difícil, porque ele é pobre, muitas vezes cheira mal, não tem o que comer e vive a pedir para poder passar mais alguns momentos sobre a terra, que ao acostumar-se com aquela situação torna-se preguiçoso, inconveniente, e muitas vezes não respeita a condição dos outros que tecem uma discriminação incontrolável sobre aquele que deseja completar sua tarefa evolutiva. A discriminação existente entre os seres humanos denota claramente as condições em que estão submetidos, tendo em vista que estão presos a todo tipo de inferioridade, de animalidade que ainda domina aquele que se encontra imPte9nado nas coisas da matéria, e é preciso que se procure libertar, para conseguir um mundo cada vez melhor. Das formas de inferioridades, a discriminação é um tipo que mais incita o orgulho, a inveja, e o estigma entre os irmãos que precisam uns dos outros para estar juntos auxiliando-se no processo de evolução, que tanto a humanidade necessita, sem a imposição de alguém e sem o auto-sofrimento ao gerar piedade em coração sensível, que já avançou um pouco.
Finalmente, neste artigo, objetivou-se e conseguiu-se sentir a problemática do mendigo, suas causas, o por que de tudo que está acontecendo, o processo discriminatrio no estaménto social onde vive, as dores e os sofrimentos que ele atravessa todos os instantes e como dar solução a essa questão que tanto atormenta a sociedade moderna, como coisa que as suas raízes fossem unicamente de cunho sócio-econômico moderno. O que se tem notícia, é que esse tipo de situação nasce da teoria da palingênese, isto significa dizer, advém de muitas encarnações que o homem já passou, porque o agora é o ontem, e o amanhã será o hoje que os seres pensantes constroem, quer em uma construção benéfica ou maléfica, isto é obstáculo ou ajuda ao progresso humano. Portanto, tudo o que existe aqui no planeta terra é fruto da criação do homem, que com sua inteligência, cria o seu conhecimento de libertação ou de prisão devido a sua própria condição ao enveredar pelo caminho que julgar verdadeiro, de acordo com a sua materialidade e arrogância para a felicidade de um mundo que ele não conhece e julga-se dominador.

Fonte: www.eumed.net/libros/2006a/lgs-etic/11.htm

DEMOCRACIA,NÃO VIOLÊNCIA e PAZ

Democracia, Não Violência e Paz

Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse.

b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tornada de decisões.

c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacifica, de associação e de oposição.

d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.

e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.

b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, ria educação para sustentabilidade.

c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais.

d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.

Tratar todos.os.seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos.

b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.

c.Evitar ou eliminar ao máxime possível a captura ou destruição de espécies não visadas.



Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.

b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.

c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.

d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa e assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz.

f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras Vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

Lutas pela Igualdade

Lutas pela Igualdade

As lutas pela Igualdade são típicas do Século XX. As revoluções de esquerda são sinais do sucesso de uma ideologia cujo objetivo original é reduzir, se não abolir, as disparidades sociais, É possível então pensar que a conquista das liberdades tenha sido condição necessária para a luta pela igualdade, visto que sentido não faz que alguém não livre, o que consiste em ser desigual em relação a outros, possa lutar pela igualdade se não tem liberdade.
Seguramente, a liberdade conquistou um grande espaço em nosso mundo contemporâneo, em relação ao mundo moderno e ainda mais ao medieval. A simples possibilidade de movimentação entre os grupos sociais, facilitada pela liberalização religiosa, política, e pelo enfraquecimento dos valores que estabeleciam o sistema de "castas" feudal, já contribuiu para promover também, em paralelo, algum tipo de igualdade.
Se antes, só os de sangue azul podiam ser reis, depois é ao menos possível que o cidadão comum chegue à chefia máxima de um país, democrático, é claro.
Porém, esgotadas as possibilidades de realização da Igualdade que a mera liberalização da sociedade pôde promover, veio a necessidade de promovê-la ainda mais por meios outros que o da mera elevação da Liberdade individual, visto que essa, em geral, está mais focada em abrir possibilidades ao indivíduo que já tem um potencial maior de realização.
Outros indivíduos porém, sofrem de um menor potencial, e não por uma questão intrínseca, mas pelas péssimas condições em que nasceram, ou foram lançados, cresceram e chegaram ao estágio de vida onde as tradições culturais esperam absorvê-lo definitivamente na homogeneidade de pensamento.
Indivíduos assim, de certo modo, são tão livres para acessar as maiores conquistas da civilização quanto o é o analfabeto à quem é liberada uma magnífica biblioteca. Os primeiros passos da promoção da Igualdade só podem ser, então, óbvios. Trata-se de oferecer ao máximo de pessoas possível, principalmente aos menos favorecidos, meios para que possam de fato utilizar os acessos.
Mas, se é lugar comum afirmar que a Liberdade tem seu preço, também deveria sê-lo afirmar que a Igualdade não é de graça, com, possivelmente, um agravante. O preço da Liberdade normalmente recai principalmente sobre o próprio indivíduo que dela se beneficia, já o preço da Igualdade, pela sua própria natureza, não pode recair de forma tão pontual, mas sim disseminar-se rumo aos "iguais" que lhe sejam próximos.
Os afro-descendentes que ficaram livres da escravidão tiveram que se adaptar a uma nova condição que impôs diversas dificuldades, e que em muitos casos foram solucionadas abrindo mão de parte dessa liberdade. Embora tenha havido um custo social envolvido que afetou principalmente setores mais privilegiados, no caso, a perda da mão de obra escrava, esse custo foi rapidamente compensado pelo fortalecimento de um sistema de produção remunerado que, se não tem direito sobre a vida do indivíduo, também não tem obrigação de sustentar suas necessidades primárias, mas sim, apenas de lhe oferecer um salário. Além de não ter o alto custo consciencial que a prática da escravidão cobrou às mentes mais sensíveis e lúcidas.
Já disponibilizar um sistema educacional público que ofereça a todos ensino de qualidade, bem como um sistema de saúde, habitação e segurança pública que garantam suas necessidades fundamentais, tem um custo que fatalmente recairá sobre toda a sociedade, e cuja compensação demorará, por definição, gerações para se fazer sentir.
Em parte, talvez, pela percepção intuitiva dessa relação, os movimentos ideológicos de esquerda têm poucas reservas quanto a onerar o estado e a sociedade pela promoção da Igualdade, mas o custo deste ideal não é apenas econômico, há também um custo sobre a própria liberdade em si, ou ao menos à sua percepção por alguns indivíduos.
Uma liberdade igualitária é muito interessante para quem esteja nos estágios iniciais da realização pessoal, mas à medida que tais estágios venham sendo superados, o apelo começa a ser transferido da liberdade coletiva para a mera liberdade individual. Isso significa que o indivíduo que obteve grandes conquistas em sua realização, e em geral isto é entendido como o indivíduo que ascendeu econômica e socialmente, só pode usufruir de certos benefícios deste nível mais alto se puder contar com desigualdades institucionais presentes.
Se não houvesse alguém que, por necessidade econômica, estivesse disposto a vender um serviço de faxina, o indivíduo bem sucedido sócio economicamente necessitaria ele próprio exercê-la, ou pagar um preço necessariamente maior. Se não houvesse quem, por carência econômica, estivesse disposto a alugar sua força de trabalho como construtor civil, não haveria, ou haveria pouca oferta para atender a carência estética e simbólica por uma moradia personalizada e sofisticada que os que não sofrem de carência econômica costumam desenvolver. Se não houvesse mulheres que, por imperativos econômicos, não estivessem dispostas a oferecer seus encantos anatômicos a homens que, na falta de encantos equivalentes, mas na sobra de encantos monetários, precisam satisfazer mais plenamente seus imperativos biológicos, então, eles teriam muito mais trabalho interpessoal em campanhas românticas.


Marcus Valério


http://www.xr.pro.br/Ensaios/lgualdade-Liberdade.html

O que penso sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos

O Que Penso Sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos

Não há nenhuma Religião tradicional em toda a história que tenha se aproximado do desenvolvimento de uma declaração como essa, em qualquer um dos grandes livros sagrados monoteístas, nem mesmo a mais ousada acrobacia teológica conseguiria produzir uma interpretação que resultasse numa obra humanista onde tal conteúdo tivesse base plena nos ensinamentos religiosos desta mesmas revelações divinas.
Ao abolir a influência direta da Religião sobre a Política, tomou-se possível desenvolver um documento que expressasse o desejo humano de se relacionar com seu semelhante de forma harmônica e pacífica.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é algo absolutamente sem paralelo em toda a história humana. Jamais em qualquer época anterior existiu em escala significativa, sequer uma intenção de declarar a Igualdade e Fraternidade entre os povos e indivíduos. Na verdade, querer fazer valer os mesmo direitos e deveres para qualquer Ser Humano independente de sexo, raça, nacionalidade, credo e etc., era algo
simplesmente INCONCEBÍVEL para todos os sistemas sociais antigos registrados na História.
Lamentavelmente, ainda estamos muito longe de fazer valer sequer a metade dos objetivos expressos nesta declaração, mas pelo menos demos um passo ainda que teórico, lembrando que todas as grandes mudanças começam na teoria. Mais de 200 países atualmente pelo menos tentam basear suas constituições civis nesta Declaração.
Em minha opinião essa declaração é perfeita! Mostra que foi pelo menos idealizado em larga escala um objetivo de alto grau moral, ético e espiritual. A meu ver, pessoas que atacam os valores desta declaração ainda estão presas a uma visão de que a estratificação social e dominação opressiva de um indivíduo pelo outro é a melhor resposta para os problemas humanos.
Outros criticam justamente a falta de maior aplicação nos sentido de por em prática tais valores, mas há também aqueles que levantam um questionamento notável, mas que na realidade não passa de uma falácia. Trata-se de que deveria ser proposta também a Declaração Universal dos DEVERES Humanos.
Tomo como exemplo uma interessante crítica feita a um de meus textos:
... possuímos uma Declaração Universal dos Direitos Humanos, cuja validade prática é questionada hoje até por seus criadores. José Saramago, nas comemorações da citada Declaração, cita justamente a sua falta de prática e a necessidade de que os homens se conscientizem de sua contrapartida, os deveres humanos, sem os quais ela é inútil...
E minha resposta foi:
"Quanto a argumentação de que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é questionável, considero a proposição reacionária. Com certeza, cada direito deverá se contrapor a um dever, mas ao longo da história as maiorias sempre tiveram muito mais deveres do que direitos! Ao passo que as elites muito mais direitos.
Quando uma criança nasce ela não tem condições de cumprir deveres, precisa primeiro ter direitos. Mesmo atualmente um número imenso de crianças no mundo, sequer tem direito ao básico, como podemos exigir que cumpram seus deveres? A Declaração vêm tentar preencher esse espaço, ela pode ter seus problemas, mas me impressiona que alguém se proponha a atacar seus princípio básicos.
Ou seja, embora seja válida a proposição de contrapor direitos e deveres, creio que isto está no mínimo implícito em toda a declaração, pois é impossível estabelecer direitos sem alguém que os faça valer. Vejamos alguns exemplos:

Artigo I

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo XXI

3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de
eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo
processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo XXVI

l. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao
ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do
seu mérito.

2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

Artigo XXIX

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.

2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e
liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar
numa sociedade democrática."

Quem imaginaria que para que tais direitos valham a sociedade não tem o dever de se mobilizar no sentido de cumpri-los?

Em meu ponto de vista, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma obra de avançado grau de esclarecimento mental e comprometimento humanitário.

Pelo menos para mim, ela mostra que consensualmente a humanidade já sabe mais o que quer, ainda que não consiga realizá-lo. Mostra que ao menos em Teoria, estamos melhor do que nunca.

Afinal, se hoje declaramos algo tão teoricamente nobre mas falhamos em pô-lo em prática, antes nem sequer tínhamos a teoria.


Marcus Valério XR


Fonte: http://xr.pro.br/ensaios/direitoshumanos.html

IGUALDADE E LIBERDADE

IGUALDADE E LIBERDADE

Sobre a Fraternidade, vértice esquecido da tríade revolucionária francesa, falarei no próximo texto. Aqui ratarei dos vértices que tem estado em primeiro plano ao menos desde que centenas de pessoas literalmente perderam suas cabeças.
A idéia de Liberdade, aparentemente inexistente no oriente, tem sido há séculos um forte ideal a ser alcançado, e ao mesmo tempo um forte valor no qual nos baseamos. A Igualdade, ainda que em menor grau, também. Mas parece haver uma tensão entre ambas, ao mesmo tempo que uma aliança.
Essa paradoxal relação pode ser expressa pelo fato de que ambos os conceitos carregam sua dubiedade intrínseca. Por exemplo a frase ''As pessoas são todas iguais" e ''As pessoas são diferentes" podem estar ambas corretas, desde que sejam tomadas em sentidos distintos. Da mesma forma afirmar que "Somos todos livres" ou "Somos todos prisioneiros" pode ser cada qual adequada a um certo contexto, e nem sempre é claro exatamente à qual.
Nessa mesma contradição aparente, os conceitos de Liberdade e Igualdade podem facilmente ser compatíveis ou não.
Podemos pensar que somos iguais exatamente pelo fato de sermos livres, mas também que, ao ser livres, podemos querer ser desiguais. Pensar também que é nossa igualdade que nos impede de ser livres é válido, dependendo do ponto de vista, ou que é nossa liberdade que nos impede de ser iguais.
Com toda essa flexibilidade de interpretação, não deveria ser surpresa que muitas vezes tenha surgido uma hostilidade entre idéias que parecem defender cada um desses princípios em detrimento, ao menos aparente, do outro. E é claro, falo da associação que o Liberalismo, pelo próprio nome, tem com a idéia de Liberdade, ao mesmo tempo que o Progressismo tem uma associação com a idéia de Igualdade.
Refiro-me, evidentemente, aos rótulos políticos que foram adotados em nossa contemporaneidade. Os Progressistas, associados à Esquerda, em seu ensejo de transformar a sociedade, tem na obtenção da Igualdade um de seus maiores objetivos. Por outro lado, os Liberais, lutam pela manutenção da liberdade, e parece que são interesses inconciliáveis.
Espero mostrar o porquê desta ilusão, e do motivo pelo qual tanta tinta" suor e sangue tem sido derramado em nome de ideais que podem muito bem estar não equivocados, mas mal direcionados.



Marcus Valério









Fonte: www.xr.pro.br/Ensaios/Igualdade-Liberdade.html

Mau uso da Liberdade de Expressão na TV

Mau uso da Liberdade de Expressão na TV


A liberdade de comunicação e expressão é muito útil e para o nosso bem, da mesma forma que comer, adoçar, temperar, trabalhar, descansar, etc, são igualmente úteis e importantes na vida de qualquer pessoa. No entanto, não podemos esquecer que: se exagerarmos em qualquer uma dessas coisas, elas tornam-se prejudiciais e danosas.
Infelizmente, a maioria das emissoras de televisão vem confundindo a liberdade de expressar pensamentos e opiniões com a libertinagem pagã de expressar imoralidades e palavrões em qualquer tempo e em qualquer lugar. Os países desenvolvidos praticam a liberdade de expressar qualquer pensamento e opinião, mas respeitam os limites éticos, morais e familiares, que nós também deveríamos respeitar.
De fato, liberdade de expressão é benéfica a qualquer sociedade porque permite a participação de todos através do direito de apontar erros, reclamar, sugerir ou criticar. No entanto, a partir dos anos 90, uma liberdade de expressão, muito além da boa medida, tem produzido efeitos colaterais bastante nocivos. A ausência de uma fiscalização governamental vem propiciando comportamentos cada vez mais irresponsáveis por parte das empresas de comunicação.
Observe que a televisão brasileira, visando altos ganhos financeiros, vem vulgarizando e estimulando o prazer inconseqüente, a irreverência, o sensualismo, a imoralidade, a mentira, a infidelidade conjugal, a nudez e o desrespeito. Desrespeito ao corpo, ao próximo, à família e à boa formação da infância e da juventude. Estes fatos vêm acontecendo porque o mercado de informação, notícias e entretenimento, é o único mercado que não possui órgãos públicos para fiscalizar suas atividades.
O maior problema, conseqüente da ausência de um órgão para fiscalizar e disciplinar os veículos de comunicação, está no fato de que os atuais excessos induzem os adolescentes ao uso de drogas, à depravação sexual, a "heróicas" violências, a roubos e assaltos e inúmeras outras irracionalidades como temos visto na maioria dos noticiários. São muitas desgraças, que vão de bárbaros homicídios, como o caso do índio de Brasília em 1997, a inúmeros estupros em família estimulados ou induzidos pelas cenas eróticas da TV.
Infelizmente, a Televisão brasileira tem estimulado comportamentos que levam às graves enfermidades sexuais, a traições conjugais e desilusões que muitas vezes levam alguém para a morte. Talvez, o pior de tudo, seja o fato de adolescentes estarem gerando filhos bastardos, desprezados e até lançados nas lixeiras públicas. Esta realidade tem assustado significativamente a família brasileira. A maioria ainda não compreende ao certo a causa de tantas aberrações e tragédias, mas já anda desconfiada do exagero da liberdade de expressão principalmente na TV. (Um exagero que, inclusive, vem gerando grandes equívocos no campo dos valores humanos e sociais).
Veja que a dança e a nudez, por exemplo, atualmente muito estimulada pela TV, nunca foram sinais ou evidências de desenvolvimento. Na verdade, é totalmente ao contrário. Basta olharmos para algumas civilizações passadas e para os países e povos mais subdesenvolvidos do mundo atual, e vamos constatar que o excesso de dança e a nudez são indicadores de subdesenvolvimento. Isso não quer dizer, entretanto, que a falta de dança e o excesso de vestimentas indique o contrário. O desenvolvimento e o progresso estão sempre ligados ao bom senso e à moderação, nunca ao pouco nem ao excesso.
Alheia a esta realidade, a mídia brasileira vem faturando alto com a exploração da irreverência e do sensualismo, sem se dar conta deste grande mal que está semeando na nossa sociedade. A irreverência e a sensualidade são duas sementes muito "bonitinhas", porém, de conseqüências extremamente malignas ao longo do tempo. Estas duas sementes, depois de germinadas, resultam em violências e desgraças que contribuem para consolidar um estado de pobreza e de miséria. Os povos desenvolvidos cultivam a reverência e a decência porque já conhecem os maus resultados da irreverência e da sensualidade.
Portanto, se continuarmos fazendo "vista grossa" às depravações que estão em crescimento na nossa cultura, e concordarmos estaticamente com a proliferação da dança imoral, do desrespeito generalizado, da nudez na TV e nos veículos de comunicação em geral, estaremos concordando, na verdade, com a proliferação e o aumento do subdesenvolvimento e de todas as suas amargas conseqüências familiares e sociais.

DEMOCRACIA X LIBERDADE

Democracia x Liberdade

A Democracia é o sistema (regime) de organização social mais eficiente para se cultivar e se praticar a liberdade de ação e de expressão. A prática da liberdade estimula autocorreções que ajudam a acelerar o desenvolvimento de uma nação. No entanto, a Democracia não é a mãe da liberdade; é apenas uma ferramenta que bem usada facilita a preservação do estado de liberdade. E, ao contrário do que muitos brasileiros pensam, a Democracia não tem poder de evolução, ela tanto pode ajudar a prosperar como pode também ajudar a arruinar. Um povo sábio e bem informado usa a Democracia para se livrar dos vigaristas e fazer prosperar o país. Mas um povo ingênuo e mal informado, permite que os demagogos e os vigaristas controlem a Democracia e destruam o país.
O real motivo dos Estados Unidos terem sido um dos países mais bem-sucedidos do século XX, não estava fundamentado na sua Democracia, mas sim no fato de ter sido, por longo tempo, uma nação de educação genuinamente cristã, (obs: a partir dos anos 90 a educação e a cultura norte-americana se vulgarizaram a tal ponto de não mais merecerem essa qualificação).
A Democracia é, de fato, um bom instrumento de liberdade, mas não é o fator determinante. A Grécia, por exemplo, que é tida pela maioria dos historiadores como o berço da Democracia, perdeu a liberdade várias vezes no último século, resultado de invasões, de guerras civis e de regimes militares: a mais recente de 1967 a 1974. (Uma situação pior que a brasileira e que demonstra que: o simples fato de conhecer ou praticar democracia não garante a preservação do estado de liberdade).
Portanto, precisamos considerar a Democracia como um bom instrumento social, e não como a mãe de todas as soluções. Porque, se assim fosse, a nossa Democracia dos anos 60 não teria resultado numa revolução militar. É obvio que se houve uma revolução foi porque alguma coisa não andava muito bem. Além disso, democratizar não é misturar crianças com adolescentes e com adultos. A Democracia não tem como objetivo igualar estas três diferentes fases do ser humano. A idéia central da democracia é igualar o direito de opinião das diferentes classes sociais. Numa democracia desenvolvida, todos os cidadãos exerçam a mesma influência política independentemente de posição social. Na prática, o sistema democrático tem como objetivo evitar que o poder econômico domine o país e oprima os mais pobres. (Uma realidade que as lideranças brasileiras não têm dado o devido enfoque).
Em nenhum lugar do mundo a Democracia tem como propósito igualar opinião de adultos com opinião de adolescentes, como tem acontecido ultimamente no Brasil. Colocar na mesma urna, o voto de um adolescente de 16 anos e o voto de um adulto de 50 anos, não é democracia, é insensatez e desrespeito à vivência e à experiência humana. A Democracia visa minimizar as diferenças sociais e não as diferenças de idade. Tais diferenças são imposições da natureza e conseqüentemente precisam ser respeitadas. Os próprios adolescentes não entendem esta insensatez brasileira de "cidadania precoce"; uma invenção perigosa que, infelizmente, facilita a eleição dos maus políticos e dos manipuladores da adolescência e da juventude.
Portanto, seria mais prudente fazer o contrário e elevar a idade mínima do voto para 21 anos, de modo a atribuir maior respeito à experiência humana e maior responsabilidade para com o destino do país. O povo brasileiro ainda está em fase de desenvolvimento e, conseqüentemente, sujeito a vigaristas e enganadores que manipulam a imaturidade dos adolescentes visando unicamente benefício próprio. Precisamos de um pouco mais de prudência no trato dessa questão. Não podemos correr o risco de deixar a nação se afogar no caos e na desordem como já aconteceu no passado. É importante nos conscientizarmos de que, o realmente útil e produtivo, numa Democracia, é o livre direito de opinar e de fazer oposição (de criticar e de apontar erros) e não o direito imaturo de votar. O excesso de direitos, inventado no Brasil, pode estimular nossos adolescentes a se tornarem prepotentes, desrespeitadores e inconseqüentes.

Escolas c/ bom convívio têm muito a ensinar

Escolas com bom convívio têm muito a ensinar

Valorizar as relações humanas é fundamental para transformar instituições de ensino em
verdadeiras comunidades de aprender


A Educação Básica é um direito de cada criança e jovem. Quando pensada como só mais um serviço, é frequentemente avaliada pelo seu desempenho, da forma como se julgam ofertas de mercado. Por mais comum que isso seja, é preciso questionar se essa avaliação está levando em conta aspectos essenciais da Educação que, se forem desvalorizados, podem ser também esquecidos. Ao destacar um desses aspectos, a boa convivência entre todos na escola, convido todos os meus colegas a lançar um novo olhar sobre seus espaços de trabalho, para além dos exames convencionais.
Cooperando com unidades de ensino pelo Brasil, tenho encontrado algumas que são referência de vida e de trabalho para seus alunos, ex-alunos e professores e que, sem precisar alardear liderança em classificações - mesmo que as tenham-, são disputadas pelas famílias que as conhecem. Diferentes umas das outras, essas instituições estão em bairros carentes ou de elite, são grandes ou pequenas, públicas ou privadas, mas têm em comum uma característica difícil de mensurar: a qualidade das relações na realização de sua função social, que é ensinar.
O bom convívio é desejável em qualquer atividade, sendo essencial em família, no trabalho, nos esportes ou no trânsito e, portanto, deveria ser valorizado especialmente na Educação. Por isso, procurei identificar nas escolas que me chamam a atenção as condições que contribuem para o melhor relacionamento entre estudantes, educadores, funcionários, famílias e comunidade. Posso mostrar que são relativamente simples, mas nem sempre tão presentes.
Antes de tudo, para um bom convívio, é preciso que haja convívio - o que, por mais óbvio que pareça, nem sempre ocorre. Quando o ensino se resume a treinamento e transferência de informação, as interações entre estudantes chegam a ser evitadas a pretexto de prejudicarem a concentração. O que resta é uma relação de competição entre alunos e de recíproca cobrança entre eles e seus professores. Já se o convívio participativo é promovido nas salas de aula e em atividades de sentido social, artístico, técnico ou científico, o aprendizado se dá em um processo cooperativo, no qual relações de confiança e amizade se estabelecem naturalmente. Isso pode ocorrer por iniciativa de um professor, mas só se generaliza quando há um projeto educativo que promove a convivência de toda a equipe escolar e dos jovens.
Quando são discutidas as responsabilidades de cada um na formação, as regras de convívio não são ignoradas, as relações não se limitam a queixas de comportamento e o exercício de autoridade, quando necessário, é compreendido. Melhor ainda: se os novos alunos, pais e professores forem apresentados pelos que os antecederam à forma com que a escola cumpre suas metas, eles farão parte de um compromisso para enfrentar problemas, e não para reclamar deles.
Para que essa participação prossiga ao longo do ano letivo, é preciso fazer consultas, mediar conflitos e rever percursos, o que se realiza com corresponsabilidade, especialmente nos conselhos de classe e de escola. Neles, professores, coordenadores e representantes das famílias - e, dependendo da etapa escolar, também de alunos - acompanham resultados e discutem problemas. Podem fazer isso ainda melhor quando apoiados por grupos de trabalho dedicados, por exemplo, ao reforço na aprendizagem e à orientação educacional ou a atividades sociais, culturais e de relacionamento com o bairro. Com isso, toda a coletividade escolar se desenvolve continuamente em instituições que não são fábricas de ensinar, mas comunidades de aprender. Nelas se estudam línguas, humanidades, matemática, Arte, Ciências e, não menos importante, se exercita o bom convívio.